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sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Adaptação (2002)

Adaptation
Direção: Spike Jonze
EUA,2002

Você sabe o que é metalinguagem? É o ato de usar uma linguagem para falar dela mesma ou, no caso de um filme, seria uma película que discute o próprio cinema ou sua própria criação. “Cantando na Chuva” faz uma experiência memorável que mostra, de maneira muito divertida, a transição do cinema mudo para o falado. “Cinema Paradiso” leva à tela um jeito belo e poético de falar sobre todo o encantamento que o cinema traz às pessoas. “A Sombra do Vampiro” é um filme dentro do filme no qual, após não conseguir os diretos de “Drácula”, de Bram Stoker, o diretor decide mudar o nome do protagonista e local onde se passa a história para ir em frente com seu projeto.

Mas o melhor exemplo de metalinguagem no cinema é sem dúvida “Adaptação”, que também tem presença garantida na lista dos meus 10 melhores filmes de todos os tempos. A obra narra a história de Charlie Kaufman, o próprio roteirista do filme que se inclui na trama, na busca da melhor maneira de passar para as telas o livro “O Ladrão de Orquídeas”, de Susan Orlean. Mas logo ele percebe que passar o material para o cinema vai ser tarefa difícil, quase impossível, porque falta uma linha narrativa e uma história central.

É justamente nesse momento de pré-produção em que o filme se passa, tão natural que parece surgir na velocidade das palavras de Kaufman, interpretado por Nicolas Cage de maneira fora de série. O filme é uma mistura de realidade e ficção, com uma intensidade diferente em cada sequência, que nos faz pensar ser todo ele é baseado em fatos reais da produção. Grande parte dos eventos não deixa de ser, mas não vou revelar aqui o que é ou não real para não influenciar quem é de Saturno e ainda não viu esse bibelô da sétima arte.

A história se desenrola em 2 núcleos: em um deles está Charlie, gordo, tímido e nada social com as mulheres, junto com seu irmão gêmeo Donald (também interpretado magistralmente por Nicolas Cage), que almeja se tornar um roteirista, é ambicioso e totalmente solto, ou seja, o contrário do irmão. Durante o filme, o conflito entre os dois vai do amor ao ódio, da ternura à falta de senso.
O outro núcleo conta a história do livro de Susan, interpretada com Meryl Streep na atuação que lhe rendeu a estatueta. Ela é uma jornalista casada (leia-se mal casada) que vai fazer uma reportagem sobre o doidão Jonh Laroche (Chris Cooper, genialmente genial e irreconhecível), um homem de meia idade que vive de roubar orquídeas raras dos pântanos da Flórida.

Os caminhos desses 4 personagens seguem paralelos até um explosivo encontro final, mostrando que uma reviravolta sempre pode (e deve) acontecer no cinema. E falando de Charlie Kaufman, o melhor roteirista de Hollywood atualmente, você pode esperar tudo, e quando falo tudo, é qualquer coisa mesmo. Basta lembrar duas de suas obras primas: “Quero ser Jonh Malkovich”, também do diretor Spike Jonze e o viajado “Brilho eterno de uma mente sem lembranças”, dirigido por Michel Gondry.

É muito difícil escrever sobre um filme tão complexo como “Adaptação”, cheio de sutilezas e armadilhas conceituais, mas resolvi tentar, porque além de ser um dos meus preferidos, fala muito sobre Robert Mckee e seu famoso Workshop de roteiro cinematográfico, o qual terei o prazer de fazer do dia 10 a 13 de setembro, aqui em São Paulo. E o melhor: farei um post especialíssimo com detalhes do curso!

No filme, Mckee (interpretado por Brian Cox) é literalmente detonado, apesar de ter papel fundamental no desenrolar da história. Ele é mostrado como um professor que xinga e trata os alunos como lixo, dono de um estrelismo além da conta.

E na vida real? Será Mckee um porco capitalista ou um gênio por trás de muitas estatuetas?

No próximo post conto tudo para vocês.

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