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sábado, 19 de junho de 2010

Batman (1989)

BATMAN
Direção: Tim Burton
EUA, 1989.



Todas as crianças têm seus heróis, dentre eles, cada um tem aquele que considera o mais foda. Aquele que passa segurança mesmo sem existir, estando presente como uma espécie de amuleto da alma. Algumas vezes a admiração dura para sempre, outras vezes é esquecida com a chegada da puberdade.

Sim, a minha admiração dura até hoje. E acredito que durará para sempre. Meu super-supremo-super-herói é o BATMAN. Ele é meu preferido justamente por não ter nenhum super poder e ser um “alguém” que está sempre abaixo da lei, ou seja, para muitos ele é um criminoso como qualquer outro. Essa vontade extrema de fazer justiça sempre me chamou atenção e tudo isso começou quando eu via seus antigos desenhos nas gloriosas manhãs do SBT (não, nunca tive paciência para HQs).

Bruce Wayne, ou Batman como preferirem é (além de playboy) aquele homem obcecado pela justiça, dotado em artes marciais e um exímio estrategista, tendo suas ações sempre muito bem planejadas e executadas com maestria. Fala a verdade, o cara é foda!!!



Pois bem, hoje estou aqui para falar da primeira adaptação formal do homem-morcego para as telonas, que até então (1989) só havia tido uma aparição nos cinemas em um filme baseado no seriado Batman e Robin, de Adam West nos anos 60. Não sei a data precisa, portanto, trato esse filme de 1989 como a primeira adaptação do homem-morcego para o cinema.

Quem viu o seriado notou o seu tom escrachado e humorístico, gerando uma famosa sátira: o “filme do Batima”, em que dois brasileiros redublaram episódios da série a deixando, digamos... muito mais engraçada. Também acaba de ser lançado, baseado na antiga série, “Batman: a XXX parody” um filme pornô do morceguinho onde foram gastos U$$ 60 mil só em figurino (!!!), inacreditável, mas é a mais pura verdade. Dúvida? Veja o trailer dessa obra máxima:



Ainda aqui? Ótimo.

Pois escrever sobre esse filme é muito bom. Por que? Explico. Foi um dos muitos clássicos que assisti mais de 100 vezes (e foi mesmo), marcou a minha existência, me recordo, ainda criança sabia decor as falas daquela dublagem tosca da Globo, lembra?



Enfim...

Nostalgia à parte, esse foi o primeiro filme a lucrar de verdade com merchadising , e quando falo merchadising, digo que essa foi a primeira obra cinematográfica a fazer chaveiros, adesivos e todos os tipos de brindes para se promover. Você deve estar se perguntando se valeu a pena. Sim, valeu. Foram gastos U$$ 35 mi e lucrados
U$$ 410 mi. Dava para refazer o filme umas sete vezes.

O diretor escolhido para comandar o projeto foi o ainda novato Tim Burton. Apesar de vir do sucesso “Os fantasmas se divertem” (Beetlejuice, EUA, 1988), ele ainda era novo e inexperiente para muitos, só que provou o contrário combinando a fotografia escura (que ele adora) com personalidade do personagem principal. E deu casamento.

(E quem acha que odeio o Burton, taí a prova que acho que ela faz coisa boa, ou... fazia!?)

“Batman” é o marco do começo da “era das megas produções de Hollywood”. Até então era incomum gastar esse absurdo em um filme de super-heróis. Lembremos de “Capitão América” (Captain America, EUA, 1990) em que temos um roteiro extremamente infantilizado e o protagonista com uma fantasia comprada na 25 de Março, algo absurdamente ridículo e fora de contexto.



Para essa obra não se tornar mais um “obra” trazida das páginas dos quadrinhos, precisavam de um ator de peso, um nome que falasse por si só. Dito e feito, Jack Nicholson foi escalado para o elenco, e melhor, como o vilão mais anarquista de todos os tempos: o incansável Coringa.

Michel Keaton, vestiu a armadura do homem-morcego e, na minha opinião, foi muito bem. Ele já havia trabalhado com Burton em “Os fantasmas de divertem”, porém muita gente foi contra ele no papel por conta de sua baixa estatura e por até então ser conhecido pelos seus papéis em comédias. Para esse papel era preciso ser excêntrico e viver uma certa profundeza psicológica. Ele conseguiu. Keaton acertou, porém com um roteiro pouco a seu favor (alerta: opinião pessoal), que muitas vezes prefere mostrar um Bruce Wayne apaixonado e até um homem de família, do que sua personalidade abalada e sua sede de justiça, isso ficou de fato esquisito.



Essa sede de justiça e, por que não vingança, fica evidente em “Batman – Begins”(Idem, EUA,2005). O Batman do século XXI, do cineasta inglês Christopher Nolan, é mais humano e menos sensível do que o de Burton, mas vou seguir em frente, pois o objetivo desse artigo não é comparar os dois.

A história começa a todo vapor. Com Batman pegando dois batedores de carteira e os deixando “do jeitinho” para a polícia prender e sai de cena falando para um dos marginais: “Eu sou o Batman. Fale pro seus amigos sobre mim”. Detalhe: logo no início já vemos a fotografia de Gothan City de cima, lembrou uma Nova York dos anos 40 com um clima londrino, simplesmente espetacular, em cada detalhe surpreendente.



Depois conhecemos toda a história do Coringa, como ele se transformou no bobo da corte mais filho da puta de toda história, até o encontro com o cavaleiro das trevas, tudo com certo cuidado, a falha do roteiro fica mais evidente quando o assunto é Bruce Wayne. A falta de escuridão em seu personagem aparece e não culpo Keaton porque quando ele está com armadura escura sua nota é dez.



Só que quem rouba a cena é mesmo o Coringa de Jack. Autêntico, divertido e vestindo ternos estilosos. A atuação doentia do ator é impecável e marcante, como na cena em que depois de fazer uma vítima, repete gargalhando uma dez vezes: “estou feliz que você esteja morto...”, até de sair de cena. Simplesmente impressionante!!!

“Batman” tem situações de humor recheadas de ironia, principalmente aquelas que envolvem o Coringa. E não podemos esquecer da Gothan City, com fotografia gótica, elemento presente o tempo todo, em alguns momentos chegando a ser gritante.

Os fãs xiitas não gostaram muito desse filme porque houveram algumas mudanças das histórias originais em quadrinhos - o que para mim, como não-leitor de HQs não a faz a menor diferença. "Batman" é um filmaço sim, com todos os créditos e méritos de clássico de um cinema, hoje, já "old school”.

Léo Castelo Branco

**

5 comentários:

  1. Heheh, meu diretor costuma dizer que o Batman é o verdadeiro herói, pois nao tem poderes oriundos de radiação, nem acidentes nucleares, etc... e por isso, tbm é o mais corajoso, (ou talvez sem noção) hehe.

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  2. Batman marcou muito a minha "pré-adolescência" (detesto usar esse termo). Lembro até hoje quando o aluguei e vi, provavelmente em uma tarde chuvosa de sábado, na minha velha televisão de tubo. Me marcou pra sempre... Nunca me esqueci daquele final...

    Nota 10 pro artigo, viu?

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  3. Parabéns pelo novo artigo, Lê. Apesar de te conhecer a quase duas dúzias de anos, não sabia de sua predileção pelo Batman. Bom saber disso. Bjão e continue produzindo.

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  4. Os filmes do Bataman tbm marcaram minha infancia. Sempre fui fnzaço de Jack Nicholson, principalmente em O Iluminado de Stanley Kubrick e como coringa ele está fantastico.

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  5. Fernando,
    Considero o Batman corajoso e acima de tudo sem noção também. Justamente o fato dele não ter super poderes o torna mais "realista".

    Niuder,
    Valeu pela nota. Espero algum material seu aqui em breve.

    Castelo,
    A produção continua. Essa semana espero postar coisa nova aqui.

    Samuel,
    Jack Nicholson é do primeiro escalão de Hollywood, os exemplos que você citou só provam isso.

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