“Um maníaco com uma furadeira, nudez e muito sangue... Ah, os anos 80...”
Você lê o título e o ano em que esse filme foi feito e já pensa automaticamente ser mais um do amontoado de filmes slasher’s que vieram na onda Sexta-Feira 13 no começo dos anos 80. Aquele do assassino indestrutível, dos gritos, do sangue e cabeças rolando a película inteira. Está certo. Mas só pelo fato desse ser um filme de horror produzido e dirigido por Amy Holden (uma mulher!), já merece no mínimo ser discutido, diferente de suas continuações (com exceção da parte 2 que é bem trash-engraçada) que são péssimas.
É difícil ver uma mulher produzindo, quanto mais dirigindo um filme do gênero. Aqui temos os dois exemplos. E tem mais um: o roteiro é assinado por Rita Mae Brown outra mulher, que para quem não sabe é uma escritora de histórias de mistérios com uma tendência feminista, seus romances geralmente tem lesbianismo e muito fetishe. Picante, né? Um slasher feito com um toque feminino, pois já saiba de bate-pronto que não tenta a nenhum instante ser bonitinho. Pelo contrário.
Em Slumber Party Massacre (no Brasil traduzido como “O Massacre”) não temos nada de lesbianismo, tem sim muita nudez gratuita e muito sangue digno de um slasher movie que tem 11 mortes em 76 minutos de duração. Haja fôlego!
O filme começa em velocidade-máxima, com créditos iniciais numa trilha sonora perturbadora que permanece ao logo de quase todo filme, algumas vezes mudando a música, porém mantendo-se sempre aterrorizante e seqüencial.
Na primeira cena vemos um garoto de bicicleta entregando os jornais nas casas com a manchete que anuncia que o loco assassino Russ Thorn ( Michel Villella) fugiu do manicômio, só que a principio ninguém liga ( vide cartilha slasher). Na seqüência conhecemos Trish Devereaux (Michelle Michaels) e seus pais que estão indo passar o fim de semana fora, deixando a casa só para ela, para melhorar (leia-se esquentar) as coisas ela chama as amigas para uma “festa do pijama” naquela noite.
Desde o início o psicopata da furadeira está sempre presente, causando algum frisson de suspense. Nos primeiros minutos ele já mata uma garota e rouba o seu furgão próximo a escola de Trish para depois observar atentamente de dentro do veículo as suas próximas vítimas passarem, escutando elas próprias se sentenciarem falando sobre a festa na casa de Trish ( numa cena que me lembrou os antigos filmes de espionagem)... Certamente ele estará presente nessa farra e sua furadeira também, mas não sem antes matar a garotinha que esqueceu seus livros na escola onde todo mundo já foi embora...
Tudo é rápido DEMAIS, o que é um defeito dado ao pequeno orçamento de 250 mil U$$, mas temos também diálogos divertidíssimos e até uma referencia a série de horror “Além da Imaginação” Red Serling quando as garotas cantam a música de abertura da série.
Outro defeito é o abuso do bom e velho “susto-fácil”, pois depois de um começo com dois assassinatos brutais temos que agüentar quase 20 minutos de sustos previsíveis e diálogos sem sentido (um atrás do outro) que parecem estar ali apenas para encher lingüiça do roteiro, uma pena porque eu realmente esperava mais do roteiro escrito por Rita.
O filme segue e vemos Thorn que não abre a boca (só no final) apenas mata brutalmente com sua furadeira, estraçalha e arrebenta os jovens que aparecem pelo caminho, tudo muito simples e sem mais delongas. Seguindo a cartilha da época.
Slumber Party Massacre é um filme divertido, se você encará-lo como tal, se levar em conta a época em que foi feito e para qual público. É uma película que se leva a sério até assustando algumas vezes quando foge do “susto-fácil” e nas fortes investidas da trilha sonora juntamente com o barulho da furadeira do assassino na carne dos pobres jovens, por outro lado é aquele tipo completamente previsível e que se você procurar falhas vai encontrar certamente.
Valeu ver uma mulher a frente de um trabalho tão sangrento, apesar de ficar aquela impressão que faltou um pouco mais de suspense, tudo é jogado na cara do espectador sem dó, o mesmo feijão com arroz de sempre, porém inferior aos mestres Jason, Leatherface e Michael Myers. Mas vale a diversão, afinal o filme tem todos os ingredientes de anos 80 e dos slasher’s movies.
Por fim ainda vejo esse filme com um certo charme. Feminino? Por que não...
Léo Castelo Branco
**
O Massacre
(The Slumber Party Massacre, EUA, 1982)
Títulos Alternativos: Don't Open the Door / The Overnight Massacre / Sleepless Nights / The Slumber Party Murders / Slumberparty Massacre
Diretora: Amy Holden Jones
Produtora: Amy Holden Jones
Roteiro: Rita Mae Brown
Produtora: Amy Holden Jones
Roteiro: Rita Mae Brown
Elenco: Michelle Michaels, Robin Stille, Michael Villella, Debra Deliso
Trilha Sonora: Ralph Jones
Gênero: Comédia, Terror
Duração: 77 min.
Tipo: Longa-metragem / Colorido
Os filmes 'trash' realmente fizeram história! Conheço o título brasileiro O Massacre, mas não é esse enredo aí... provavelmente possui somente o mesmo nome.
ResponderExcluirPuxa, tá ficando muito profissa o teu blog. Parabéns, não perco um texto aqui.
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