" Máfia escocesa, um malaco latino, um alemão nazista e uma caçada humana com muita grana em jogo... uma boa ideia, porém mal executada.”
Ah, o humor do cinema do anos 90... a década que começou com comédias pouco (ou nada) engraçadas como “Edward Mãos de Tesoura” (Edward Scissorhands, EUA, 1990) e “Uma Linda Mulher” (Pretty Woman, EUA, 1990), filmes feitos como o único intuito de lucrar, que vieram no embalo dos anos 80, mas não chegando nem perto de filmes do final da década anterior como “Os Fantasmas de divertem” (Beetlejuice,EUA,1988) um filmaço de Tim Burton que mescla vários elementos do humor, e tendo um tema que bem trabalhado como foi, vira um bom entretenimento e ainda pode render um bom lucro aos produtores (sanguinários e capitalistas).
O que foi feito para tentar inovar (e não deu certo), ou as histórias românticas colegiais que se eternizaram no anos 80 (e voltaram nos 90) chegou a um certo limite. Então começam a aparecer produções interessantes, como “Quanto mais idiota melhor” ( Wayne’s World, EUA, 1992) e sua divertidíssima continuação “Quanto mais idiota melhor 2” ( Waine’s World, EUA, 1993): um filme baseado num esquete do programa "Saturday Nigth Live", da NBC, que levou Mike Myers direto à fama, nos apresentou um humor junkie, o qual jamais havia sido visto. E esses dois filmes ganharão um post aqui no Estranhezas Cinematográficas em breve.
Em 1993 também vimos coisas boas como “ A Família Buscapé” ( The Beverly Hillbillies, EUA, 1993) uma autêntica gozação ao "american way of life". O que falar então do surgimento de Jim Carrey? Em 1994, com “O Máscara” ( The Mask, EUA, 1994), o personagem Stanley Ipkiss e seu cachorro Milo viraram até desenho depois do sucesso do filme. E é bom lembrar que, antes mesmo do “Máscara”, e no mesmo ano de 1994, Jim Carrey fez o excelente “Ace Ventura – Detetive de Animais “ (Ace Venture, pet detective, EUA, 1994), uma das melhores comédias da década que ganhou uma continuação, também esplêndida.
Outro ator cômico que se consagraria na metade da década de 90, não muito longe dali, no ano de 1995, foi o hoje rei-do-blockbuster Adam Sandler. Com “Billy Madison- Um herdeiro bobalhão” –diga-se de passagem horrível o título nacional- ( Billy Madison, EUA, 1995) o modelo paspalhão estava de volta, agora ao extremo. O próprio Sandler participou do filme "Cônicos e Cômicos" ( Coneheads, EUA, 1993) e “Os Cabeça de Vento” (Airheads,EUA, 1994), primores da década.
Depois de uma breve prévia de um pouco das comédias da década vamos ao ponto central desse artigo que é sobre um filme com uma ideia boa, porém mal executada: o bizarro “O Peste” ( The Pest, EUA, 1997) dirigido por Paul Miller é um adaptação do conto "The Most Dangerous Game" de Richard Connell.
Miller é péssimo. O roteiro que deixa a desejar da primeira fala ao último crédito. Aí fica difícil, fazia tempo que eu não via um filme e pensava “que filme forçado!”, pois bem foi o que eu pensei.
E vamos a ele...
Um alemão nazista querendo caçar um latino que, se sobreviver 24 horas, vai ganhar US$ 50 mil. E o mesmo latino deve os mesmos US$ 50 mil à máfia escocesa (!!!). Parece um enredo que pode dar liga, ainda mais dado o gênero de comédias escatológicas da segunda metade dos anos 90? Acho que sim, mas não é o que acontece, o filme é apelativo demais ( temos cenas de uma cagada sonora na mata, vômitos, hormônio do sexo e muito mais para fazer o espectador esquecer o roteiro pífio e se deixar levar pelo bizarro modelo imposto pelas lentes de Miller).
Portanto, se você procura algo sensato e bem elaborado num filme, você vai odiar esse.
Pestario Vargas o “Pest” (Jonh Leguizamo, chega a arrancar umas risadas, poucas.) é um malaco latino (bem estereótipo, vestindo sempre jaquetas "Sport" da Nike, aquelas que parecem compradas na 25 de março.) que vive de pequenos golpes e sua família insiste que ele vá pelo “caminho certo”. Ele namora Xantha (Tammy
Townsend) e está sempre na companhia de seus amigos (estereótipos) Ninja ( Freddy Rodriguez) e o negro estilo rapper, um tipo que começou a aparecer muito em comédias desde então, Chubby (Aries Spears).
Gustav Skank ( Jeffrey Jones, já teve momentos melhores, mas também arranca mínimas risadas e só) coleciona cabeças empalhadas de homens de todo mundo, o único exemplar que falta em sua coleção é um latino. Num evento popular ele procura sua última vítima, então indica à distância para seu capanga Angus ( Charles Hallahan) o exemplar ideal, só que o capanga se confunde e acha que Pest é o cara, no típico clichê.
Pest também tem um emprego como entregador de comida chinesa, então Gustav faz um pedido e advinha quem vai entregar? Informado por Angus sobre os problemas de Pest com a máfia escocesa, ele oferece ao latino uma bolsa em uma faculdade no valor de US$ 50 mil, o nosso latino-man topa na hora. Só que antes de receber a grana ele vai ter de participar de uma caçada no fim de semana, só que ele ainda não sabe que ele mesmo é a caça.
Até aí eu ainda pensava: “ ele vai caçar o cara, vamos rir um pouco e depois dormir porque amanhã é um novo dia”. Errado, o roteiro daí para frente só fica cada vez mais apelativo e com cenas desnecessárias e mais apelação. Salvo algumas caras e bocas de Leguizamo, alguns trejeitos de Jeffrey Jones que valem pelo menos meio ingresso.
Concluindo...
A ideia mal aproveitada em Pest era o fim de uma era. No final dos anos 90 vierem filmes modernosos e metidos a diferentes como “Quem vai ficar com Mary?” (There's Something About Mary, EUA, 1998) um filminho até que divertido sobre as relações humanas, onde não vejo nada de inovador, é apenas engraçadinho, o mesmo digo de “Shakespeare Apaixonado” (Shakespeare in Love, EUA, 1998), por incrível que parece ganhou o Oscar de melhor filme (!!!) e ainda melhor atriz (Gwyneth Paltrow), melhor atriz coadjuvante (Judi Dench), melhor direção de arte, melhor figurino, melhor trilha sonora de comédia/musical, melhor roteiro original. Filminho engraçadinho, nada mais.
O Pest, pelo menos, não veio com o intuito de ser diferente e modernoso e, sim, bizarro e cheio de piadas absurdas. Chega a dar saudade do meio dos anos 90, um cinema verdadeiramente sem escrúpulos e que, dada a sua ruindade (leia-se genialidade) me atrai muito mais que filminhos engraçadinhos.
Léo Castelo Branco
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Ficha Técnica
Direção: Paul Miller
Roteiro: David Bar Katz (história e roteiro), John Leguizamo (história)
Gênero: Comédia
Origem: Estados Unidos
Duração: 84 minutos
O Leguizamos marcou a sua infância. E não tô falando isso de zoação. Sou pai do crítico e me lembro dele ter assistido a um filme com o cara num voo São Paulo-Miami que fizemos. Já saiu da aeronave rindo e comentando o filme. Agora postou esse texto. Lindo ver. Amo muito tudo isso.
ResponderExcluirNossa, eu odeio esse filme... Não pelo fato de ser atraído pelo terror, mas pq a história é vazia, o humor insosso e a cara do ator é irritante... Mas, marcou época mesmo.
ResponderExcluirEntão vaza daqui mané... A ideia do filme é uma comedia sem preocupação ou objetivo... vai assistir Ben 10 e nao enche o saco auqi
ExcluirUm dos filmes mas ilarios que ja vi...quem nao lembra dele cagando no mato e voando depois que o cara dispara uma bazuca contra ele...vi filmes piores na epoca e olha que eu era mulek...merecia um segundo filme, sim, quem sabe um pouco mais elaborado pra que daqui a mais 15 anos ninguém fale mal.
ResponderExcluirNossa, pouquíssimas vezes li tanta merda em um único post. Vá mamar bandido rapá, esse filme é um clássico.
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