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quinta-feira, 28 de julho de 2011

Ed Wood (1994)

Idem
Direção: Tim Burton
EUA, 1994

Quando se pergunta quem é o melhor diretor de cinema de todos os tempos, mesmo entre os críticos as opiniões divergem. Alguns dirão que é Orson Welles. Outros, Coppola, Bergman ou Chaplin. Mas, quando o assunto é o pior diretor, há quase uma unanimidade: Ed Wood, responsável pelas mais bisonhas películas já vistas.

Efeitos especiais paupérrimos, continuidade inexistente, diálogos absurdos... Eram tantas falhas em seus filmes que nem a presença do – já decadente – ator húngaro Béla Lugosi (ícone do terror da produtora Universal) conseguia salvá-los. Cheio de sonhos, porém sem nenhum talento, Ed Wood era uma dessas personalidades fadadas a cair no total esquecimento.

Mas não caiu. Tendo sua vida (ou parte dela) levada às telas por Tim Burton em 1994, Wood (interpretado aqui por aquele que viria a ser o ator preferido de Burton, Johnny Depp), um americano que gostava de se vestir de mulher, tinha tudo para ser retratado como uma figura patética (como de fato era). Mas aqui vira um personagem que mistura graça e lirismo, quase um Dom Quixote. E isso de forma alguma é um demérito ao filme, que consegue, ao mesmo tempo, ser engraçado e inspirador.

A história começa quando Ed, ainda em início de “carreira”, descobre que o produtor George Weiss (Mike Starr) quer financiar a cinebiografia da transexual Christine Jorgensen. Procura Weiss e é informado de que, como não foram conseguidos os direitos de filmagem, a obra terá enredo fictício e se chamará I changed my sex. Empolgado, Ed convence o produtor tanto a contratar seu ídolo Béla Lugosi (Martin Landau, no papel que lhe rendeu o Oscar de coadjuvante), de quem se tornou amigo depois de dar uma carona, como a mudar o título para Glen ou Glenda.

Ed se acha um Orson Welles (por quem, aliás, em uma das melhores cenas do filme, é incentivado, durante um encontro em um bar). Por isso, fica arrasado com o fracasso de público e crítica de seu primeiro filme, o que não o impede de sair em novas empreitadas. Paralelamente, ele sofre reveses em seu namoro com Dolores (Sarah Jessica Parker), que não aceita bem seu transformismo, nem seu estranho círculo de amizades, que do qual também fazem parte seus colaboradores habituais: o já citado Lugosi, o travesti Bunny Breckinridge (interpretado magistralmente por Bill Murray), a ex-estrela de TV Vampira (Lisa Marie), cuja única exigência é não ter nenhuma fala, e o lutador sueco Tor Johnson (George Steele).

Rodado em belíssimo P&B, Ed Wood ganhou vários prêmios, tendo, inclusive, sido indicado ao Oscar de melhor filme (irônico, não?). Ao final, mostra Ed triunfante. Quem conhece a história verdadeira sabe que ela não acaba assim. Triunfo mesmo é o do espectador, que se diverte com esta pequena obra-prima.

Por Leilson de Souza (@NostalgiaNao)

2 comentários:

  1. Após ler a sua crítica, tive que ver esse filme, já vinha adiando há algum tempo. E, por fim, gostei demais do que vi.

    Primeiro pq neste filme Burton foge um pouco do seu estilo, pelo menos no quesito bizarrice, que aqui é quase-nula. Claro, os personagens são um tanto excêntricos, mas falta algo Burtonístico, para os fãs xiitas pode fazer muita falta, mas pra mim não fez nenhuma, muito pelo contrário.

    A filmagem em preto e branco nos remete a época em que Wood filmava, a maquiagem dos atores está exagerada e causa uma estranheza positiva, não demorando para se acostumar e gostar.

    Destaque especial para Martin Ladau, como Bela Lugosi, roubou a cena. Genial!

    Escolha perfeita e texto gostoso de ler. Valeu, Leilson!

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  2. Concordo, Léo, Burton passa longe do seu estilo habitual (não há nada que remeta ao gótico, por exemplo), mas mostra que filma muito bem quando quer. E a escolha do biografado, assim como o Homem-Elefante de David Lynch, tem tudo a ver com ele. Sobre Martin Landau, o que se pode dizer é que ele incorporou o personagem quando isso ainda não tinha virado moda. Bom você ter gostado do texto. É um incentivo. Abraço.

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