Cinéfilos, estranhos, lunáticos e curiosos, quem vos fala é Léo Castelo Branco de volta ao Estranhezas Cinematográficas. Passei algum tempo em recesso, mas estou de volta, agora para ficar. E não estou sozinho, nosso amigo Leilson estreou aqui no blog mandando muito bem com a sua resenha sobre o clássico absoluto de Sam Raimi, a trilogia “Evil Dead” e depois com a crítica de “Abismo do Medo”.
Sem mais delongas, vamos ao que interessa. Passei um final de semana literalmente internado no meu quarto revendo, o que na minha opinião, são 3 dos maiores clássicos do grande mestre Stephen King .
São eles “A Tempestade do Século”, “IT – Uma Obra Prima do Medo” e “Carrie – A estranha”. O clima frio em São Paulo ajudou e fez com que o suspense permeasse por todo final de semana. E não tem coisa melhor do que ver um filme do gênero nestas circunstâncias, não é?
Se você não é dessa galáxia e não conhece Stephen King, vou fazer um breve resumo. King é um dos maiores escritores fantásticos da atualidade, com livros publicados em mais de 40 países e diversas obras adaptadas para o cinema. Ele também se destacou fora do gênero horror-suspense-fantástico em filmes acima da média como “À Espera de um Milagre”, “Conta Comigo” e “Lembranças de um Verão”.
Abaixo minhas pequenas criticas sobre as obras escolhidas:
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A Tempestade do Século ( The Storm of the Century, 1999, EUA)
* Suspense de saltar da cadeira+Melhor vilão depois de Jack Torrence+ Película ao melhor estilo King= Obra prima do gênero
Esse filme com certeza foi o mais curioso do final de semana. Eu havia visto há anos atrás quando foi lançado, lembro de minha mãe ter alugado, assisti me cagando todo, pois ainda era novinho. Dessa vez o que me deixava assustado é saber exatamente como ele terminava e nada mais. Pensei que pudesse afetar o suspense e deixar a película sem graça, mas logo na primeira cena vi que isso não iria acontecer, devido aos infinitos mistérios que dão alicerce a toda trama. Fiquei puto por ter esquecido essa obra prima, cheia de simbolismo e verdades assustadoras. Realmente um filme que faz você pensar após o seu final, o que é raro hoje em dia, principalmente falando do gênero fantástico. “A Tempestade do Século” é uma pequena mini-série americana (3 capítulos de 1h25) lançada por aqui em 2 fitas VHS. A duração total é de 4h15, mas que passam voando divido ao suspense que permeia até o último segundo da exibição. Uma ilha pacata e distante nos EUA chamada Little Tall tem tudo para quem busca sossego: isolamento, tranquilidade e um povo unido (ao menos é o que parece). Uma tempestade se aproxima e pode acabar com esse sossego, noticiários afirmam que essa será a nevasca mais forte de todos os tempos. O xerife Mike cuida para que tudo saia como esperado durante a tempestade, montando um abrigo para que todos fiquem juntos. Tudo ia como planejado, até um homem estranho e seu cajado chegarem a ilha. Andre Linoge, mata a cajadadas uma senhora dentro de sua casa e espera a polícia chegar sentado e sorrindo. Quando ele é preso e a tempestade chega coisas mais estranhas começam a acontecer. Suicídios e assassinatos improváveis ocorrem sempre acompanhados da mensagem “Dêem o que quero e eu vou embora” escrita em sangue próxima ao local do crime. Fica cada vez mais difícil não ligar as mortes a Linoge, mesmo preso. A partir daí a coisa começa a ficar preta e o mistério de saber o que ele realmente quer fica sempre batendo a porta incomodando o espectador. Interpretado por Colm Feore, esse é o melhor vilão de King desde Jack Torrence (“O Ilmuniado”). Com sua face obscura e diálogos bem articulados, Linoge não necessita de efeitos especiais ou gráficos para fazer o espectador pular da poltrona, muito pelo contrário, sua principal arma é a verdade. Ele usa e abusa dela, jogando-a constantemente na cara dos ilhéus. É isso que faz de “A Tempestade do Século” um filme original e tão acima da média. Ao descobrir os podres da população de Little Tall, começamos a ver que não existem heróis ou vilões, apenas interesses. É ai que King quer chegar: usar o suspense para fazer uma critica severa as relações humanas. E isso assusta muito.
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IT – Uma Obra Prima do Medo (IT, 1990, EUA)
* Enredo e narração perfeitos+Palhaço demoníaco+Cenas desnecessárias= Bom filme
Se você como eu odeia clichês e está com os olhos cansados das mesmices do gênero, pode ter certeza que, no mínimo, “IT – Uma Obra Prima do Medo” vai surpreender você. Essa adaptação do livro “A Coisa” de Stephen King, não demora a nos apresenta ao vilão da trama, o demoníaco palhaço Pennywise, que sem delongas já tira a vida de uma criança inocente. O ser maléfico aparece apenas para as crianças, que pouco a pouco vão sumindo do mapa da cidade de Derry, Maine. Até que um grupo de 7 pequeninos, porém valentes (The Lucky Seven) decide ir para cima do monstro, conseguindo depois de um certo esforço derrotá-lo. Feito isso, o esquadrão mirim faz uma promessa que se o palhaço voltar, eles também voltariam para acabar de uma vez por todas com o vilão. É claro que ele volta, 30 anos depois e de fôlego renovado. Até ai pode parecer mais um clichê, só que o interessante é como o diretor Tommy Lee Wallace mostra isso ao espectador. Uma a uma as crianças, agora já adultas, vão recebendo ligações do único integrante do grupo que ainda mora em Derry. Cada um que recebe a notícia, após o choque, volta no tempo e relembra o terror de Pennywise e assim a história vai se encaixando como um quebra-cabeça, aos poucos, sem pressa, afinal o filme tem 180 minutos. A segunda parte se concentra na volta deles a Derry e posteriormente no combate ao mostro, que tentar fazer tudo para deixá-los desunidos e mandá-los para longe. A maioria deles pensa em desistir, mas para conseguir derrotar Pennywise eles precisam estar unidos, assim como eram quando pequenos. Do meio para o fim o filme deixa um pouco a desejar, principalmente pela falta de ritmo e cenas desnecessárias que parecem estar ali apenas para encher linguiça. O final é previsível, porém não deixa de ser interessante. A moral da história? Adultos são mais fracos na hora de enfrentar seus medos do que as crianças.
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Carrie – A Estranha (Carrie, 1976, EUA)
* Personagens clássicos+Enredo cativante+Toque especial de Bryan de Palma=Um clássico com vida própria
Já imaginou sofrer abusos e humilhações todos os dias, não ter sequer um amigo e ainda por cima ter uma mãe que lhe considera fruto do pecado? Bem-vindos à vida de Carrie White. Ela é tímida, fechada, desorientada e vitima constante de bullying de suas colegas. Sua mãe Margaret White (Piper Laurie- aqui em uma atuação magistral) é uma fanática religiosa que violenta a própria filha para que ela cumpra suas obrigações religiosas. Além de toda essa confusão, a garota vai descobrindo que possui poderes telecinéticos, ou seja, pode mexer objetos com a mente. E esse poder fica ainda mais forte quando ela tem algum tipo de estresse. Não precisa ser muito inteligente para imaginar os fatos que sucedem o roteiro, porém esse é dos pontos altos da obra do diretor Bryam de Palma, que através de uma história previsível expõe dois vilões constantemente presentes nas histórias de King: fanatismo religioso e preconceito. Esses exemplos cabem nos 3 filmes criticados neste post, só para deixar mais próximo os que não conhecem bem o estilo de autor. A cena da transformação de Carrie, no baile da escola, é simplesmente sublime. De Palma sabia o que estava fazendo e com maestria torna lento o clímax da mudança, de bela rainha do baile a perversa deusa da morte. Essa atitude mexe propositalmente com a vontade do espectador, que espera ansiosamente por esse momento. É como se o diretor brincasse com quem assiste, nada menos que genial! E não foi à toa que dessa obra surgiram para fama, além dó próprio Bryan de Palma, Jonh Travolta e Sissy Spacek (que concorreu ao Oscar pelo papel). Se você não viu, assista já!
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Texto escrito por Léo Castelo Branco (@leocastelob)