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sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Adaptação (2002)

Adaptation
Direção: Spike Jonze
EUA,2002

Você sabe o que é metalinguagem? É o ato de usar uma linguagem para falar dela mesma ou, no caso de um filme, seria uma película que discute o próprio cinema ou sua própria criação. “Cantando na Chuva” faz uma experiência memorável que mostra, de maneira muito divertida, a transição do cinema mudo para o falado. “Cinema Paradiso” leva à tela um jeito belo e poético de falar sobre todo o encantamento que o cinema traz às pessoas. “A Sombra do Vampiro” é um filme dentro do filme no qual, após não conseguir os diretos de “Drácula”, de Bram Stoker, o diretor decide mudar o nome do protagonista e local onde se passa a história para ir em frente com seu projeto.

Mas o melhor exemplo de metalinguagem no cinema é sem dúvida “Adaptação”, que também tem presença garantida na lista dos meus 10 melhores filmes de todos os tempos. A obra narra a história de Charlie Kaufman, o próprio roteirista do filme que se inclui na trama, na busca da melhor maneira de passar para as telas o livro “O Ladrão de Orquídeas”, de Susan Orlean. Mas logo ele percebe que passar o material para o cinema vai ser tarefa difícil, quase impossível, porque falta uma linha narrativa e uma história central.

É justamente nesse momento de pré-produção em que o filme se passa, tão natural que parece surgir na velocidade das palavras de Kaufman, interpretado por Nicolas Cage de maneira fora de série. O filme é uma mistura de realidade e ficção, com uma intensidade diferente em cada sequência, que nos faz pensar ser todo ele é baseado em fatos reais da produção. Grande parte dos eventos não deixa de ser, mas não vou revelar aqui o que é ou não real para não influenciar quem é de Saturno e ainda não viu esse bibelô da sétima arte.

A história se desenrola em 2 núcleos: em um deles está Charlie, gordo, tímido e nada social com as mulheres, junto com seu irmão gêmeo Donald (também interpretado magistralmente por Nicolas Cage), que almeja se tornar um roteirista, é ambicioso e totalmente solto, ou seja, o contrário do irmão. Durante o filme, o conflito entre os dois vai do amor ao ódio, da ternura à falta de senso.
O outro núcleo conta a história do livro de Susan, interpretada com Meryl Streep na atuação que lhe rendeu a estatueta. Ela é uma jornalista casada (leia-se mal casada) que vai fazer uma reportagem sobre o doidão Jonh Laroche (Chris Cooper, genialmente genial e irreconhecível), um homem de meia idade que vive de roubar orquídeas raras dos pântanos da Flórida.

Os caminhos desses 4 personagens seguem paralelos até um explosivo encontro final, mostrando que uma reviravolta sempre pode (e deve) acontecer no cinema. E falando de Charlie Kaufman, o melhor roteirista de Hollywood atualmente, você pode esperar tudo, e quando falo tudo, é qualquer coisa mesmo. Basta lembrar duas de suas obras primas: “Quero ser Jonh Malkovich”, também do diretor Spike Jonze e o viajado “Brilho eterno de uma mente sem lembranças”, dirigido por Michel Gondry.

É muito difícil escrever sobre um filme tão complexo como “Adaptação”, cheio de sutilezas e armadilhas conceituais, mas resolvi tentar, porque além de ser um dos meus preferidos, fala muito sobre Robert Mckee e seu famoso Workshop de roteiro cinematográfico, o qual terei o prazer de fazer do dia 10 a 13 de setembro, aqui em São Paulo. E o melhor: farei um post especialíssimo com detalhes do curso!

No filme, Mckee (interpretado por Brian Cox) é literalmente detonado, apesar de ter papel fundamental no desenrolar da história. Ele é mostrado como um professor que xinga e trata os alunos como lixo, dono de um estrelismo além da conta.

E na vida real? Será Mckee um porco capitalista ou um gênio por trás de muitas estatuetas?

No próximo post conto tudo para vocês.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011


Direção: Matthew Vaughn

EUA, 2010


Quem já quis ser um super-herói? Melhor dizendo: quem nunca quis ser um super-herói (ou, vá lá, um super-vilão)? Por mais pueril que a ideia seja, todos já se imaginaram tendo alguma habilidade excepcional, como voar, ler pensamentos ou visão de raio-x (mesmo que fosse só para espiar aquela vizinha gostosa). Mas a realidade é cruel e ninguém tem qualquer dom super-humano (pelo menos por enquanto).

Não que isso seja um empecilho para Dave Lizewski (Aaron Johnson, de “O garoto de Liverpool”). Dave é um daqueles losers clássicos do cinema americano: um jovem nerd que tem poucos amigos e nenhuma namorada. Órfão de mãe, mora com o pai e um de seus principais hobbies é se masturbar vendo imagens sensuais na internet. (Lembrando que, quando você é adolescente, o conceito de “sensual” é bem abrangente.)

Aficionado por quadrinhos, Dave não entende por que nunca alguém pensou em vestir uma fantasia e sair combatendo o crime. Assim, resolve ser o primeiro e, com um traje de mergulho comprado no eBay, adota o nome de Kick-Ass.

Sentindo-se preparado, mesmo não estando nem um pouco, já em sua primeira “missão” ele descobre que as coisas não serão fáceis. Ao tentar impedir um assalto, é surrado, esfaqueado e atropelado. Depois disso, muitos desistiriam, mas não Dave.

Passa meses no hospital, onde médicos colocam placas de metal no seu corpo (que aumentam sua resistência à dor). Recuperado, parte em nova investida, na qual não é plenamente bem-sucedido, mas ao menos consegue atrair vários curiosos, que, munidos de celulares, gravam em vídeo sua performance e não tardam a divulgá-la na internet, transformando-o em um ícone.

Nas mãos de um diretor menos talentoso – e, por que não dizer?, corajoso -, “Kick-Ass”, adaptação homônima da HQ de Mark Millar e John Romita Jr., lançada em 2008, viraria um filme infantil com uma mensagem edificante. Porém, o que o inglês Matthew Vaughn (que mais tarde dirigiria “X-Men: Primeira classe”) exibe aqui é um verdadeiro tratado do pop.

Das referências à trilha sonora, tudo é acessível à Geração YouTube (o site, aliás, tem importância vital na trama), aquela acostumada a ver (e saber) as coisas na hora em que acontecem.


Embora o personagem principal seja Dave, a alma do filme se encontra em outros dois: Hit-Girl e Big Daddy. Interpretados por Chloë Grace Moretz e Nicolas Cage (este último em um papel bacana como há muito não se via em sua carreira), eles são heróis de verdade, com treinamento, agilidade e precisão, além de um arsenal completo (ou seja, tudo que Kick-Ass não tem). O espectador mais sensível talvez se choque ao ver uma garotinha de cerca de dez anos falando palavrões enquanto mata e mutila homens com o triplo de seu tamanho. Mas quem estiver no estado de espírito adequado, além de se divertir, verá que por trás de toda aquela violência há uma história de genuíno amor de pai e filha.


Além do trio, convém citar o mafioso Frank (Mark Strong, de “Sherlock Holmes”), e seu filho Chris (Christopher Mintz-Plasse, o McLovin de “Superbad”), cujos caminhos inevitavelmente cruzarão o dos heróis, de uma forma da qual nenhum deles sairá ileso.


Apesar dos já citados elementos pop, “Kick-Ass” é cinema de verdade, uma obra cheia de sentimento que merecia mais destaque do que de fato teve.


Por Leilson de Souza (@NostalgiaNao)

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Ed Wood (1994)

Idem
Direção: Tim Burton
EUA, 1994

Quando se pergunta quem é o melhor diretor de cinema de todos os tempos, mesmo entre os críticos as opiniões divergem. Alguns dirão que é Orson Welles. Outros, Coppola, Bergman ou Chaplin. Mas, quando o assunto é o pior diretor, há quase uma unanimidade: Ed Wood, responsável pelas mais bisonhas películas já vistas.

Efeitos especiais paupérrimos, continuidade inexistente, diálogos absurdos... Eram tantas falhas em seus filmes que nem a presença do – já decadente – ator húngaro Béla Lugosi (ícone do terror da produtora Universal) conseguia salvá-los. Cheio de sonhos, porém sem nenhum talento, Ed Wood era uma dessas personalidades fadadas a cair no total esquecimento.

Mas não caiu. Tendo sua vida (ou parte dela) levada às telas por Tim Burton em 1994, Wood (interpretado aqui por aquele que viria a ser o ator preferido de Burton, Johnny Depp), um americano que gostava de se vestir de mulher, tinha tudo para ser retratado como uma figura patética (como de fato era). Mas aqui vira um personagem que mistura graça e lirismo, quase um Dom Quixote. E isso de forma alguma é um demérito ao filme, que consegue, ao mesmo tempo, ser engraçado e inspirador.

A história começa quando Ed, ainda em início de “carreira”, descobre que o produtor George Weiss (Mike Starr) quer financiar a cinebiografia da transexual Christine Jorgensen. Procura Weiss e é informado de que, como não foram conseguidos os direitos de filmagem, a obra terá enredo fictício e se chamará I changed my sex. Empolgado, Ed convence o produtor tanto a contratar seu ídolo Béla Lugosi (Martin Landau, no papel que lhe rendeu o Oscar de coadjuvante), de quem se tornou amigo depois de dar uma carona, como a mudar o título para Glen ou Glenda.

Ed se acha um Orson Welles (por quem, aliás, em uma das melhores cenas do filme, é incentivado, durante um encontro em um bar). Por isso, fica arrasado com o fracasso de público e crítica de seu primeiro filme, o que não o impede de sair em novas empreitadas. Paralelamente, ele sofre reveses em seu namoro com Dolores (Sarah Jessica Parker), que não aceita bem seu transformismo, nem seu estranho círculo de amizades, que do qual também fazem parte seus colaboradores habituais: o já citado Lugosi, o travesti Bunny Breckinridge (interpretado magistralmente por Bill Murray), a ex-estrela de TV Vampira (Lisa Marie), cuja única exigência é não ter nenhuma fala, e o lutador sueco Tor Johnson (George Steele).

Rodado em belíssimo P&B, Ed Wood ganhou vários prêmios, tendo, inclusive, sido indicado ao Oscar de melhor filme (irônico, não?). Ao final, mostra Ed triunfante. Quem conhece a história verdadeira sabe que ela não acaba assim. Triunfo mesmo é o do espectador, que se diverte com esta pequena obra-prima.

Por Leilson de Souza (@NostalgiaNao)

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Curtinhas de Léo Castelo Branco - Parte 4 - Os clássicos

Viciados em cinema, apaixonados pelas películas e analfabetos funcionais Léo Castelo Branco está de volta dissecando mais obras cinematográficas para vocês. Depois de uma overdose do gênero fantástico, era preciso dar um tempo. Mudar um pouco os ares.

Hoje vou falar sobre alguns clássicos, novos e antigos, que marcaram minha última sessão. São eles “Um Estranho no Ninho”, “Mississipi em Chamas” e “Cisne Negro”. 3 grandes obras, uma de cada geração. Se você já as viu é um verdadeiro admirador dos verdadeiros clássicos, se não viu leia as resenhas e não perca tempo, aproveite que o final de semana está chegando.

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Um Estranho no Ninho (One Flew Over the Cuckoo's Nest, EUA, 1975)


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A vida como ela é+Jack Nicholson e Louise Fletcher inspirados+entrega total do elenco e produção= uma das maiores obras da sétima arte

Uma obra quase real. Na minha visão, apenas saber desse fato já valeria para ver “O Estranho no Ninho” com outros olhos, mais aguçados. Não bastasse isso, o filme é simples e genial, realmente fora de série. Se todas essas qualidades ainda não lhe convenceram, essa obra do diretor Milos Forman e produzida por Michael Douglas e Saul Zaentz pode ser vista tanto pela ótica da comédia , como pela dramática. Baseado no livro de Ken Kesey, que o escreveu através de experiências vividas em manicômios de verdade, “O Estranho no Ninho” é um filme muito próximo da realidade. Na história o condenado Randle Patrick McMurphy (Jack Nicholson) se passa por louco para evitar trabalhar no campo e acaba sendo transferido para um manicômio, onde vai alterar a rotina dos presentes e entrar em conflito com as rígidas normas de controle estabelecidas pela instituição e seguidas à risca pela enfermeira Mildred Ratched (Louise Fletcher). Jack Nicholson está sublime e sua atuação é o fio condutor que transforma as páginas do livro em imagens no cinema, atuação essa que lhe rendeu a estatueta de melhor ator no ano de 1976. Só por ele o filme já seria excepcional, mas o roteiro de Bo Goldman e Lawrence Hauben desenvolve uma dezena de personagens que são fundamentais nos argumentos da estória. Durante todo o filme é difícil ver uma atuação isolada, porque cada um tem o seu brilho e um “louco” da o tom para outro, como uma família em perfeita sincronia. Vale citar a atuação dos ainda novinhos Brad Dourif, Danny De Vito e Christoper Lloyd que mais tarde viriam brilhar em outros clássicos em nossas telinhas e telonas. Reza a lenda que Jack Nicholson se internou durante 2 meses em um hospício para construir cada detalhe do personagem. Não sei o que ele fez, mas deu certo. O seu MacMurphy está nos detalhes e em atitudes inesperadas, desde bater na mesa do diretor da instituição como quem mata uma mosca até o modo como ele cativa os demais. No fim o que fica é que todos nós somos “loucos”, cada um tem suas manias, alternamos momentos alegres e tristes. Essa é lei da vida, e em “O Estranho no Ninho” ela é mostrada de várias formas, por isso essa obra prima da sétima arte está tão próxima da realidade. Se você não viu, comece a duvidar do seu gosto pelo cinema.

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Mississipi em Chamas (Mississipi Burning, EUA, 1988)

* Direção segura+trilha marcante+pouca inovação= um clássico controverso

Esse com toda certeza é o mais contraditório dessa edição das Curtinhas de Léo Castelo Branco. Tive 2 impressões com esse filme, uma boa e outra ruim, mas vamos por partes. Assisti “Mississipi em Chamas” quando era mais novo e ingênuo, ainda no colégio, quando estudávamos sobre o preconceito. Na época o adorei e idolatrei. Ao assistir pela segunda vez, agora madurecido me surgiram algumas dúvidas, que contarei após lhes apresentar a sinopse desse controverso clássico. “Mississipi em Chamas” se passa em uma cidade no Sul dos EUA, nos anos 60, época que a KKK estava a pleno vapor. Na cena de abertura dois jovens brancos e um negro são perseguidos em alta velocidade, depois de muita correria eles vêem que é a polícia e param. Um homem branco aparece e após falar “Você já está com o cheiro dos negros, judeuzinho” atira sem pestanejar na cabeça do rapaz branco que estava no volante. E assim os créditos aparecem na tela, juntamente com a certeza que vem chumbo grosso pela frente. O FBI é chamado para resolver o crime, os agentes Rupert Anderson (Gene Hackman) e Alan Ward (Willian Dafoe) vão até o local e sustentam um clichê de um jeito pouco disfarçado (aí começaram os meus questionamentos). Rupert é mais caipira e não gosta de sempre agir de acordo com as regras para fazer justiça, já Ward é mais centrado e certinho (leia-se almofadinha). Logo na primeira cena dos dois, o diretor Alan Parker (“O Expresso da Meia Noite”) mostra que a convivência entre eles não vai ser das mais fáceis, até que descubram que tem mais do que pensam em comum e se unam de verdade para fazer o bem. Clichê, né? Basta lembrar de Riggs e Murtaugh, a dupla explosiva de “Máquina Mortífera” que no início tinha um comportamento parecido e depois de “se resolverem” se transformaram em uma dupla de tiras perfeitos. Não que não goste de “Máquina Mortífera”, pelo contrário, gosto muito, mas em “Mississipi em Chamas”esperava algo fora dos padrões, até porque o tema escolhido era muito pouco explorado na época. Outro detalhe negativo que me chamou a atenção nessa revisão foi à passividade dos negros da cidade, nunca tentavam nada e quando tentavam era apenas superficial. O filme esquece de retratar os processos de mobilização negra que já explodiam nos EUA e Martin Luther King só é citado em piadas racistas dos sulistas. No final, resta ao FBI dos homens brancos salvar a pátria, e cá entre nós, na vida real e na época essa instituição demonstrava ter outros interesses. Mas como afirmei no começo, não é só de coisas ruins que é feito “Mississipi em Chamas”, para mim aliás ele continua um clássico intacto, dentro das suas limitações é claro. A direção firme de Parker leva o espectador de fato a viver a experiência de sentir-se em uma cidade do sul dos EUA nos anos 60, em alguns momentos chega a dar claustrofobia o exagero de detalhes e o clima que vai ficando cada vez mais tenso para os agentes do FBI. A trilha que não fica mais de 5 minutos sem aparecer é assombrosa, uma batida sequencial que parece saída de uma roda de macumba é capaz de deixar os ânimos ainda mais aflorados. As cenas de violência são muito bem feitas e estão presentes durante todas às 2 horas da fita, o que reforça o sadismo da KKK. Entre mortos e feridos,“Mississipi em Chamas” é um clássico que merece respeito, acima de tudo pela direção sempre segura de Alan Parker e também pelas cenas de ação bem fortes e bem construídas. Mas, na minha opinião, poderia pegar mais na ferida e tocar ainda mais o espectador para esse problema que ainda hoje é presente.

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Cisne Negro (Black Swan, EUA, 2010)

*Estilo Darren Aronofsky+Natalie Portman divina+ detalhes inquietos= Um novo clássico

Um passeio doentio pelas dores e prazeres de seus personagens. Assim poderia ser descrito o trabalho do diretor americano Darren Aronofsky, que também é perturbador sem deixar de ser vibrante. Apesar de não ser um profundo conhecedor da sua obra, o pouco que conheço já me faz admirá-lo como poucos. E “Cisne Negro” foi fundamental para essa admiração aumentar. Confesso que não estava com a mínima vontade de ver, imaginei que fosse um drama chato e repetitivo. Fui convencido pela minha namorada que sabe muito bem reconhecer aquele filme que se sobressai quando vê um, então fomos lá ver o que para mim ainda era inesperado. O resultado foi surpreendente, muito acima do esperado. Na história,bailarina (Natalie Portman) se vê de frente com a oportunidade de interpretar o papel principal de “Lago dos Cisnes”, escrito por Mark Heyman, Andres Heinz e John J. McLaughlin, mas ela terá mostrar seu lado negro, além do angelical que já tem, para poder ser a estrela do espetáculo. A obra mostra, de maneira sublime, cada passo dessa transformação, nada se perde na câmera de Aronofsky que capta cada lágrimas, sorrisos, o sofrimento do treinamento (em cenas que chegam a dar agonia), o sabor da vitória e da derrota, a inveja das outras bailarinas e a obsessão da mãe. Tudo isso retratado nos mínimos detalhes. É praticamente como se sentíssemos as mesmas sensações da protagonista. Natalie Portman aqui vive sua melhor atuação, a estatueta que levou foi mais que merecida. A sua transformação nesse personagem lembra o McMurphy de Jack Nicholson citado acima em “O Estranho no Ninho”, claro que são mudanças diferentes, mas com a mesma intenção: levar o espectador ao limite. “Cisne Negro” é um filme que mostra os dois lados, seja a dor ou prazer, a vitória ou a derrota, de um jeito muito detalhista e vezes sombrio. O melhor filme que vi nos últimos tempos sem sombra de dúvidas, e como o propósito desse post era falar de clássicos, esse é um da nova geração. Mesmo lançada recentemente, a obra de Darren Aronofsky já se eternizou. E o Oscar não tem nada haver com isso.

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Texto escrito por Léo Castelo Branco (@leocastelob)

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Especial – Maratona Stephen King

Cinéfilos, estranhos, lunáticos e curiosos, quem vos fala é Léo Castelo Branco de volta ao Estranhezas Cinematográficas. Passei algum tempo em recesso, mas estou de volta, agora para ficar. E não estou sozinho, nosso amigo Leilson estreou aqui no blog mandando muito bem com a sua resenha sobre o clássico absoluto de Sam Raimi, a trilogia “Evil Dead” e depois com a crítica de “Abismo do Medo”.

Sem mais delongas, vamos ao que interessa. Passei um final de semana literalmente internado no meu quarto revendo, o que na minha opinião, são 3 dos maiores clássicos do grande mestre Stephen King .

São eles “A Tempestade do Século”, “IT – Uma Obra Prima do Medo” e “Carrie – A estranha”. O clima frio em São Paulo ajudou e fez com que o suspense permeasse por todo final de semana. E não tem coisa melhor do que ver um filme do gênero nestas circunstâncias, não é?

Se você não é dessa galáxia e não conhece Stephen King, vou fazer um breve resumo. King é um dos maiores escritores fantásticos da atualidade, com livros publicados em mais de 40 países e diversas obras adaptadas para o cinema. Ele também se destacou fora do gênero horror-suspense-fantástico em filmes acima da média como “À Espera de um Milagre”, “Conta Comigo” e “Lembranças de um Verão”.

Abaixo minhas pequenas criticas sobre as obras escolhidas:

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A Tempestade do Século ( The Storm of the Century, 1999, EUA)

* Suspense de saltar da cadeira+Melhor vilão depois de Jack Torrence+ Película ao melhor estilo King= Obra prima do gênero

Esse filme com certeza foi o mais curioso do final de semana. Eu havia visto há anos atrás quando foi lançado, lembro de minha mãe ter alugado, assisti me cagando todo, pois ainda era novinho. Dessa vez o que me deixava assustado é saber exatamente como ele terminava e nada mais. Pensei que pudesse afetar o suspense e deixar a película sem graça, mas logo na primeira cena vi que isso não iria acontecer, devido aos infinitos mistérios que dão alicerce a toda trama. Fiquei puto por ter esquecido essa obra prima, cheia de simbolismo e verdades assustadoras. Realmente um filme que faz você pensar após o seu final, o que é raro hoje em dia, principalmente falando do gênero fantástico. “A Tempestade do Século” é uma pequena mini-série americana (3 capítulos de 1h25) lançada por aqui em 2 fitas VHS. A duração total é de 4h15, mas que passam voando divido ao suspense que permeia até o último segundo da exibição. Uma ilha pacata e distante nos EUA chamada Little Tall tem tudo para quem busca sossego: isolamento, tranquilidade e um povo unido (ao menos é o que parece). Uma tempestade se aproxima e pode acabar com esse sossego, noticiários afirmam que essa será a nevasca mais forte de todos os tempos. O xerife Mike cuida para que tudo saia como esperado durante a tempestade, montando um abrigo para que todos fiquem juntos. Tudo ia como planejado, até um homem estranho e seu cajado chegarem a ilha. Andre Linoge, mata a cajadadas uma senhora dentro de sua casa e espera a polícia chegar sentado e sorrindo. Quando ele é preso e a tempestade chega coisas mais estranhas começam a acontecer. Suicídios e assassinatos improváveis ocorrem sempre acompanhados da mensagem “Dêem o que quero e eu vou embora” escrita em sangue próxima ao local do crime. Fica cada vez mais difícil não ligar as mortes a Linoge, mesmo preso. A partir daí a coisa começa a ficar preta e o mistério de saber o que ele realmente quer fica sempre batendo a porta incomodando o espectador. Interpretado por Colm Feore, esse é o melhor vilão de King desde Jack Torrence (“O Ilmuniado”). Com sua face obscura e diálogos bem articulados, Linoge não necessita de efeitos especiais ou gráficos para fazer o espectador pular da poltrona, muito pelo contrário, sua principal arma é a verdade. Ele usa e abusa dela, jogando-a constantemente na cara dos ilhéus. É isso que faz de “A Tempestade do Século” um filme original e tão acima da média. Ao descobrir os podres da população de Little Tall, começamos a ver que não existem heróis ou vilões, apenas interesses. É ai que King quer chegar: usar o suspense para fazer uma critica severa as relações humanas. E isso assusta muito.

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IT – Uma Obra Prima do Medo (IT, 1990, EUA)

* Enredo e narração perfeitos+Palhaço demoníaco+Cenas desnecessárias= Bom filme

Se você como eu odeia clichês e está com os olhos cansados das mesmices do gênero, pode ter certeza que, no mínimo, “IT – Uma Obra Prima do Medo” vai surpreender você. Essa adaptação do livro “A Coisa” de Stephen King, não demora a nos apresenta ao vilão da trama, o demoníaco palhaço Pennywise, que sem delongas já tira a vida de uma criança inocente. O ser maléfico aparece apenas para as crianças, que pouco a pouco vão sumindo do mapa da cidade de Derry, Maine. Até que um grupo de 7 pequeninos, porém valentes (The Lucky Seven) decide ir para cima do monstro, conseguindo depois de um certo esforço derrotá-lo. Feito isso, o esquadrão mirim faz uma promessa que se o palhaço voltar, eles também voltariam para acabar de uma vez por todas com o vilão. É claro que ele volta, 30 anos depois e de fôlego renovado. Até ai pode parecer mais um clichê, só que o interessante é como o diretor Tommy Lee Wallace mostra isso ao espectador. Uma a uma as crianças, agora já adultas, vão recebendo ligações do único integrante do grupo que ainda mora em Derry. Cada um que recebe a notícia, após o choque, volta no tempo e relembra o terror de Pennywise e assim a história vai se encaixando como um quebra-cabeça, aos poucos, sem pressa, afinal o filme tem 180 minutos. A segunda parte se concentra na volta deles a Derry e posteriormente no combate ao mostro, que tentar fazer tudo para deixá-los desunidos e mandá-los para longe. A maioria deles pensa em desistir, mas para conseguir derrotar Pennywise eles precisam estar unidos, assim como eram quando pequenos. Do meio para o fim o filme deixa um pouco a desejar, principalmente pela falta de ritmo e cenas desnecessárias que parecem estar ali apenas para encher linguiça. O final é previsível, porém não deixa de ser interessante. A moral da história? Adultos são mais fracos na hora de enfrentar seus medos do que as crianças.

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Carrie – A Estranha (Carrie, 1976, EUA)

* Personagens clássicos+Enredo cativante+Toque especial de Bryan de Palma=Um clássico com vida própria

Já imaginou sofrer abusos e humilhações todos os dias, não ter sequer um amigo e ainda por cima ter uma mãe que lhe considera fruto do pecado? Bem-vindos à vida de Carrie White. Ela é tímida, fechada, desorientada e vitima constante de bullying de suas colegas. Sua mãe Margaret White (Piper Laurie- aqui em uma atuação magistral) é uma fanática religiosa que violenta a própria filha para que ela cumpra suas obrigações religiosas. Além de toda essa confusão, a garota vai descobrindo que possui poderes telecinéticos, ou seja, pode mexer objetos com a mente. E esse poder fica ainda mais forte quando ela tem algum tipo de estresse. Não precisa ser muito inteligente para imaginar os fatos que sucedem o roteiro, porém esse é dos pontos altos da obra do diretor Bryam de Palma, que através de uma história previsível expõe dois vilões constantemente presentes nas histórias de King: fanatismo religioso e preconceito. Esses exemplos cabem nos 3 filmes criticados neste post, só para deixar mais próximo os que não conhecem bem o estilo de autor. A cena da transformação de Carrie, no baile da escola, é simplesmente sublime. De Palma sabia o que estava fazendo e com maestria torna lento o clímax da mudança, de bela rainha do baile a perversa deusa da morte. Essa atitude mexe propositalmente com a vontade do espectador, que espera ansiosamente por esse momento. É como se o diretor brincasse com quem assiste, nada menos que genial! E não foi à toa que dessa obra surgiram para fama, além dó próprio Bryan de Palma, Jonh Travolta e Sissy Spacek (que concorreu ao Oscar pelo papel). Se você não viu, assista já!

E aí vocês curtiram a maratona? Mandem suas opiniões, críticias e sugestões de filmes pelos comentários. E Siga o Estranhezas Cinematográficas (@cinemaestranho) no Twitter para ficar atento as novidades.

Texto escrito por Léo Castelo Branco (@leocastelob)

terça-feira, 12 de julho de 2011

Abismo do medo

THE DESCENT
Direção: Neill Marshall
Reino Unido, 2005



Pen
se: que filme de terror original você viu nos últimos, digamos, 10 anos? (Por “original”, entenda-se “que não é remake, continuação, prequel ou adaptação”.) Difícil lembrar, não? E filme de terror bom? Contou nos dedos? Pois bem: “Abismo do medo”, do britânico Neil Marshall, consegue ser as duas coisas. E partindo de uma premissa simples, porém eficiente.


A história começa quando Sarah (Shauna Macdnald) perde marido e filha em um acidente de carro na Escócia. Passado um ano, ela é convencida pelas amigas Juno (Natalie Mendoza), Beth (Alex Reid), Sam (MyAnna Buring) e Rebecca (Saskia Mulder) a explorar um complexo de cavernas nas Montanhas Apalaches (Carolina do Norte, EUA). A elas junta-se Holly (Nora-Jane Noone), nova amiga de Juno. Chegando às cavernas, elas passam por várias situações adversas, que só pioram com a companhia de estranhas – e mortais – criaturas.


Por se passar em um cenário tão irregular, e ter um rol de personagens exclusivamente feminino, o filme consegue evitar vários lugares-comuns do gênero (ninguém morre por estar fazendo sexo, por exemplo). E Marshall, que até então só havia dirigido o bem-recebido “Dog Soldiers” (2002), tira o melhor proveito possível de sua ambiência claustrofóbica e do inspirado elenco.


Também merecem destaque o roteiro, que não se vale de soluções fáceis, e o trabalho das equipes de efeitos especias e maquiagem, que dá vida a seres cuja aparência provoca um misto de medo e asco. Cabe, no entanto, uma ressalva: em algumas cenas, de tão escuras, não se pode ver com limpidez o que acontece.

Por Leilson de Souza (@NostalgiaNao)

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Trilogia - Evil Dead.

Caros amigos, cinéfilos e visitantes. O Estranhezas Cinematográficas (@cinemaestranho), mais uma vez, está de volta, só que dessa vez para ficar e com novidade. Nossa equipe (antes só o Léo Castelo Branco) agora ganhou um reforço, e já era tempo. Leilson de Souza é fã de cinema em todas as suas vertentes, ligado nas redes sociais e está iniciando nas criticas cinematográficas.

E não é que ele surpreendeu? Na sua estreia, faz uma bela análise dos 3 filmes da consagrada série B “Evil Dead”. Leia abaixo e se surpreenda também:








The Evil Dead - A Morte do Demônio (1981)

Cinco jovens vão passar alguns dias em uma cabana na floresta e são atormentados – para dizer o mínimo – por forças do mal. Não parece clichê, é. Mas nunca um clichê foi revirado com tanta energia e criatividade como em “Evil Dead” (“A morte do demônio”, no Brasil), de 1981. Estreia na direção de um ex-ajudante dos irmãos Coen, o jovem Sam Raimi (com pouco menos de 22 anos na época), e estrelado pelo carismático canastrão Bruce Campbell, este clássico do gore é uma demonstração de que se pode fazer um (bom) filme com pouco dinheiro.Ao contrário de suas seqüências, essa parte não tem humor e investe em um horror gráfico e exagerado. O que se vê na tela é sangue e espertos truques de câmera. Ah, sim, antes que me esqueça, a história: Ash (Campbell), sua namorada, Linda (Betsy Baker), sua irmã e um casal de amigos (cujos nomes não fazem a menor diferença) vão passar um final de semana em uma casa no meio do mato (alerta de clichê!) e acabam encontrando pertences de um arqueólogo, entre eles o “Livro dos Mortos” sumério e uma fita cassete com trechos narrados deste último. É claro que, ao contrário do que o bom senso recomendaria (bom senso? Num filme de terror? Sério?), eles tocam a tal fita, o que provoca o despertar de ferozes entes demoníacos (que, claro, o espectador nunca vê; pouco dinheiro, lembra?). Daí pra frente é uma sucessão de coisas grotescas, que incluem desmembramentos, cabeças falantes e árvores estupradoras.Sem dar um minuto de fôlego ao azarado Ash, a insanidade prossegue até o último minuto, deixando o público esperando a (inevitável?) continuação. Resumindo: “Evil Dead” é obrigatório – e isso, sim, é clichê – para os verdadeiros fãs de horror, porém altamente contra-indicado a pessoas sensíveis e estômagos fracos.

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The Evil D
ead 2 - Uma Noite Alucinante 2 (1987) Dir: Sam Raimi

Ao contrário do que dizem os críticos mais chatos (ou desatentos), “Evil Dead II” (“Uma noite alucinante 2”, no Brasil), de 1987, não é um mero upgrade do primeiro filme. Olhando com mais atenção, percebe-se claramente a intenção do diretor (novamente Sam Raimi) de usar os primeiros minutos como um resumo dos eventos anteriores (eliminando tudo que fosse supérfluo). Aqui, Ash (Bruce Campbell), depois de se livrar da endemoniada namorada Linda, ser ele mesmo possuído e ter problemas até com a própria mão, é surpreendido pela chegada de Annie, filha do professor Knowby (o arqueólogo dono da cabana, para quem não se lembra), e de um colega dele, além de outras pessoas. A primeira impressão que Annie tem é de que Ash é um assassino, o que faz com que ele logo seja confinado no porão, onde entra em cena Henrietta, esposa morta-viva de Knowby e também uma das criaturas mais pavorosas já vistas (por mim, claro) no cinema. Desfeitos os mal-entendidos, tem-se a seguir uma mistura de comédia de humor negro com pastelão (sem esquecer do horror, evidentemente), com destaque para os muitos litros de sangue (verde) e a já icônica imagem de Ash com a motosserra afixada ao braço. (Falando nisso, aqui vai uma curiosidade: a cena do chafariz de sangue vindo da parede é uma homenagem a “A Hora do Pesadelo” (1984), de Wes Craven.). Aqui também descobrimos que o verdadeiro nome do “Livro dos Mortos” é “Necronomicon” (foi “emprestado” da obra de H.P. Lovecraft). Mas enfim, este filme, se não inaugurou o gênero “terrir”, ao menos tornou Raimi um dos seus maiores expoentes, além de nos proporcionar quase 1h30min do mais puro cinema fantástico (e trash).

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Army of Darkness: Evil Dead 3 - Uma Noite Alucinante 3 (1992)

O ano era 1992. Ninguém esperava outro “Evil dead” (mesmo porque ainda não havia internet para nos informar desse tipo de coisa). Mas Sam Raimi surpreendeu e lançou “Army of Darkness” (“Uma noite alucinante 3”, no Brasil), continuação direta das aventuras – ou seriam agruras? – de Ashley “Ash” Williams (sim, esse é o nome dele, apesar de nunca ter sido citado). Como visto no fim do longa anterior, ele é transportado à Idade Média e, como sempre, tratado como um elemento hostil. Depois de provar seu valor, o que implica em destruir um desmorto, Ash é aclamado e, com ajuda do Sábio, conselheiro de Lorde Arthur (“lorde”, não “rei”) descobre um meio de voltar a sua época. Como não poderia deixar de ser, esse meio envolve o famigerado Necronomicon. E lá vai o anti-herói uma vez mais se embrenhar na floresta, onde se depara com antigas e novas ameaças (o que inclui uma contraparte maligna, o “Evil Ash”). Chegando ao livro, Ash deve recitar 3 palavras mágicas (“klaatu barada nikto”, tiradas de “O dia em que a Terra parou”, de 1951) para poder manuseá-lo com segurança. Mas erra a última e provoca o despertar do tal “exército dos mortos” do título. Devido ao excesso de humor (e a quase total ausência de bizarrices como as dos anteriores), esse é considerado um filme “menor”, quase uma “Sessão da Tarde”. Eu, particularmente, vejo como uma conclusão bem digna da série, que põe no bolso muito blockbuster feito hoje. Em tempo: se puder, procure o desolador (e muito mais engraçado) final original.

* Por Leilson de Souza (@NostalgiaNao)


quinta-feira, 5 de maio de 2011

O Feitiço do Tempo (1993)

GROUNDHOG DAY
Direção: Harold Hamis
EUA, 1993




Para celebrar a volta do blog, escolhi uma obra que já estava precisando rever há algum tempo e que tem lugar cativo na minha memória cinematográfica. Trate-se de um filme que quem já viu, certamente guarda uma boa lembrança, nem que seja lá no fundo do cérebro.

“O Feitiço do Tempo” (Groundhog Day) é uma película que de tão despretensiosa se torna inesquecível. Porquê? Explico com prazer. A direção assinada pelo ex-Caça Fantasmas Harold Ramis se diferencia, pois não vemos nenhum “vício” de diretor na tela.

Comparado com o que assistimos hoje, esse filme parece até que não é dirigido por ninguém, ele simplesmente nasceu, tinha que acontecer. É aquele caso raro de simples, porém genial.

De quebra ainda temos o sempre versátil Bill Murray (também ex-Caça Fantasma) em uma atuação primorosa. E quem acha que ele só virou bom ator depois de velho é porque nunca viu esse filme.

A história é simples e, como já disse, despretensiosa. O repórter climático de uma emissora de médio porte, Phil Connors (Murray), é enviado para uma pequena cidade onde deve cobrir uma festa local, o Dia da Marmota (daí o título original).


Após cobrir o evento há 2 anos, ele não esconde sua frustração em fazer serviço pela terceira vez. Até que algo mágico acontece: os dias e as situações estão se repetindo. Sempre que ele acorda é o mesmo dia de novo, o da festa da marmota.

Durante essa introdução, conhecemos Phil e sua indisfarçável arrogância e má vontade, sua doce produtora Rita (Andie MacDowel) e o câmera man Larry (o sempre animado Chris Elliot).

A partir daí tem início a melhor parte do filme. Depois que percebe que está preso todo dia no mesmo dia, Phil vive um misto das mais diferentes sensações. Surpresa, irritação, raiva, angústia e até prazer. Tudo, sempre, com muito humor.

Não demora o repórter ranzinza se encanta por sua produtora, Rita. O problema é que ele só tem um dia para conquistá-la, portanto se desdobra e começa a dedicar todos os momentos para tal missão.

A entrega e a atuação de Murray são geniais. A transformação do personagem (de arrogante para bom moço) é algo fora do comum quando o assunto é comédia romântica made in USA.
Já a bonitinha Andie MacDowel está na sua melhor atuação, pelo menos falando dos filmes que vi dela, que são poucos.

O argumento da história não se baseia em vodu ou magia para explicar o feito, muito pelo contrário. Mas não vou revelar o “segredo” para não estragar a surpresa de quem é de outro planeta e ainda não viu essa novela primorosa sobre a vida privada.

“O Feitiço do Tempo” é o clássico exemplo de filme que não envelhece, mesmo sendo reprisado no Intercine mais de 1.000.000 de vezes. Ele fica na memória de quem assiste, vindo à tona e sendo lembrado várias vezes durante toda a vida.

Um estudo sobre crescimento e as mudanças que o amor pode trazer na vida de uma pessoa; é isso que essa mágica película representa. E o melhor: fugindo do conceito americano de romance.

Abordar o tema com humor e fazer bonito é tarefa complicada. Ponto para o diretor Harold Ramis, que aqui cumpre sua missão com êxito.



Na volta do Estranhezas, você pode ganhar um Pôster no Pânico 4

Depois de alguns meses de recesso, o nosso querido Estranhezas Cinematográficas ressurgiu das cinzas, voltando a ativa nesse dia 5/5/2011!!! Peço desculpas pela falta de atualizações, tive alguns contra tempos, como mudanças e trabalhos que seriam impossíveis de conciliar com o blog; que pede muita pesquisa e tempo. E a minha pessoa sempre quer levar o melhor conteúdo para vocês, amantes da sétima arte.
Para celebrar esse momento mais que especial, vou sortear um Pôster de Cinema do recém lançado Pânico 4 (que em breve terá seu espaço aqui!) pelo twitter. Para participar é simples:



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4 Não esquecer de postar o link também (ele é usado no sorteio)


O Sorteio será feito na segunda-feira (9/05/2011) pelo site sorteie.me (sorteie.me)

Duro de Matar: o filme de Natal mais explosivo de todos os tempos

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