Dos lançamentos imperdíveis aos clássicos que nunca saem de moda – o cinema está aqui.
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segunda-feira, 30 de agosto de 2010
Curtinhas de Léo Castelo Branco - Parte 3 - A volta
Os Mercenários (The Expendables,EUA,2010)
Stallone em plena forma+viagem no tempo+nostalgia boa= Um autêntico FILME PRA MACHO!
Quando surgiram os créditos inicias e os nomes de peso do cinema de ação pipocando na tela me senti aliviado, pois era o sinal que minha ansiedade estava para acabar. Como muitos, esperei bastante para ver o resultado dessa união de testosterona, e aguardava um verdadeiro FILME PRA MACHO!!! As críticas por aí estão muito divididas, alguns amaram outros odiaram. Eu gostei. O filme cumpriu com êxito seu objetivo que era entrar na máquina do tempo e reviver aquele velho cinema de ação dos anos 80. Explosões de exércitos inteiros, piadinhas sem graça (tão sem graças que se tornam hilárias!!), resgate da mocinha revolucionária, um traidor dentro da equipe, um malvado ditador latino americano e bala pra tudo quanto é lado!!! Está tudo lá, dentro de um roteiro pífio que beira o ridículo, mas história pra que? Com um time desses a diversão está garantida. O filme ri de si mesmo, se leva na brincadeira, e é ai que está a graça toda da coisa. A cena em que temos Bruce Willis, Stallone e Arnold Schwarzenegger reunidos é impagável e de total improviso, mas o filme reserva surpresas muito melhores e dignas de uma imensa nostalgia. Que saudade de filmes como “Duro de Matar”, “Comando para Matar”, “Rambo – Programado para matar”, “Máquina Mortifera” e “Robocop”. Em “Os Mercenários” o humor é evidente, mas o que me invadiu mesmo e vale ressaltar, foi a nostalgia, que falta fazem os filmes de ação de um tempo pré-CGI, depois dos efeitos especiais parece que os cineastas, em grande parte, se tornaram mais preguiçosos e passaram a valorizar menos o talento humano. Outro fato que o espectador deve notar é que "Os Mercenários" é de Stallone e Jason Stahan, o resto do elenco são coadjuvantes de luxo que aparecem nas horas certas, devidamente armados até os dentes ou com golpes e malabarismos cheios de estilo. O destaque especial fica para Terry Crews, o ex jogador de futebol americano se superou em uma de suas melhores atuações, que com certeza deve abrir as portas para ele no cinema de ação. Apesar de serem estilos diferentes, acho Crews muito mais carismático que Stahan que ficou com o "papel principal". Os defeitos existem. O principal deles é a falta de mortes, principalmente dos atores do alto escalão, também é estranho todas as estrelas estarem no mesmo time, com uma exceção que não é tão exceção assim - quem não viu vai descobrir. Mas somando tudo valeu esperar esse legítimo FILME PRA MACHO, ele chegou onde queria. E para os que não gostaram, encarem a vida com mais bom humor!!
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JVCD (Idem,França,2008)
Um novo Van Damme+Belíssima fotografia+Desabafo= um filme inimaginável
Surpreendente! Esse é o adjetivo para descrever o belga Jean-Claude Van Damme numa atuação nunca antes vista, vivendo ele mesmo. Isso mesmo. A história mostra a decadência do ator refletida no seu cansaço, forma física e em sérios problemas como a perda da guarda da sua filha. Portador de uma fotografia cinzenta, muitas vezes incolor, ”JVCD” é um drama forte e com personalidade do começo ao fim. Já imaginou Van Damme num filme assim? Nem eu. O resultado dessa “loucura” é sublime e se você não gostar, vai pelo menos ver uma obra completamente diferente de todas que o mestre do filmes de pancada já encarnou e só por isso “JVCD” já vale a exibição. Outro ponto forte do filme é poder ver e até sentir o descontentamento de Van Damme com a mídia em geral. Em um certo momento ele faz uma oração e seu corpo se eleva como num sonho, então Jean-Claude desabafa e derrama lágrimas que, com certeza, são sinceras e verdadeiras. Ele fala sobre tudo que já citei e mais um pouco. Essa cena ficou martelando na minha cabeça depois que a sessão acabou, quem diria que o astro de filmes como “Timecop” (“Guardião do Tempo” no Brasil) e “Grande Dragão Branco”, obras essas com grande aceitação popular e exibidas exatas 4300.857 vezes na TV aberta estrelaria uma película tão próxima da realidade como essa. Em uma frase: eu não perderia se fosse você!
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Cloverfield – Monstro (Cloverfield,EUA,2008)
Caos+medo+gritaria= Mais do mesmo
Ainda não entendi por que tanto barulho por esse “disaster-movie”, com elementos já usados anteriormente em “Cannibal Holocaust” e copiado descaradamente em “A Bruxa de Blair”. A mistura desses gêneros sob a ótica do diretor Matt Reeves não me agradou e apesar de todo marketing viral feito antes do lançamento do filme em 2008, só resolvi vê-lo agora e ainda pela coincidência de encontrá-lo passando em um canal de TV a cabo. Não me arrependi. A obra é um amontoado de gritaria, caos, medo e...mais gritaria. Tudo isso registrado por uma pequena câmera portátil, assim como já vimos em outros filmes do gênero, só que agora o terror atinge toda a Big Apple e temos um monstro ao estilo Godzilla destruindo tudo o que vê pela frente. O filme narra a história de cinco jovens, um deles está de mudança para o Japão (terra dos verdadeiros monstros gigantes!!!) e tudo começa na festa de despedida do dito cujo. Um dos seus colegas fica encarregado de filmar tudo o que acontece na festa e não demora muito para a ação começar. O ponto alto da película é mostrar o caos que toma conta de NY de uma maneira diferente, com uma fotografia bem obscura e ousada, mas não adianta porque o resto não empolga. Os personagens também não são nem um pouco carismáticos e o roteirista Drew Goddard deixa eles tão apequenados perto do terror e do próprio mostro que eu não me recordo o nome de nenhum deles. Talvez essa tenha sido a intenção dele e dos produtores, mas eu senti falta, ficou uma espécie de vazio. O monstro, personagem principal, vai sendo mostrado aos poucos e no final também não é grande coisa. Muito efeito especial por nada. “Cloverfield – Monstro” é uma tentativa do cinema americano de fazer, mais uma vez, um filme com grandes monstros só que peca pela falta de originalidade, tentando reinventar a roda sem sucesso.
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O Bebê de Rosemary (Rosemary's baby,EUA,1968)
Suspense com pitada de horror+mistério envolvente+roteiro impecável= Um dos melhores filmes da história
Taí um verdadeiro exemplo de cinema clássico e único. O diretor polonês Roman Polansky, ainda um cineasta em acessão na época, se consolidaria com essa obra de suspense com pequenas pitadas de horror. O casal Guy (Joe Cassavetes) e Rosemary Woodhouse (Mia Farrow) está de mudança para o seu novo apartamento e logo esperam ter um filho. Tudo vai de vento em poupa até conhecerem o casal de vizinhos Minie (Ruth Gordon, no papel que lhe rendeu um Oscar) e Roman (Sidney Blackmer) e pioram ainda mais depois que Rosemary fica grávida de fato. Ela começa a ter sonhos estranhos, ouve barulho nas paredes e enquanto isso o espectador fica sem saber no que acreditar. Sonho ou realidade? Seriam os vizinhos culpados? O marido? Uma história encaixada com milimétrica perfeição em um roteiro maravilhoso, também escrito por Polansky, que deixa o espectador com um senso de ambiguidade na cabeça. Se você não é dessa galáxia e não viu essa obra única, faça como eu, alugue!!!
Escrito por Léo Castelo Branco
segunda-feira, 23 de agosto de 2010
A Hora do Pesadelo 3 - Guerreiros dos Sonhos (1987)
Direção: Chuck Russel
EUA, 1987
“Sonhos essas pequenas fatias de morte. Como as odeio.”
- Edgar Alan Poe.
Com essa frase e aquela música tétrica da série que começa “A Hora do Pesadelo 3 – Guerreiros dos Sonhos”, um filme divertido e que tem seus momentos brilhantes, porém peca por cair em clichês ridículos. Já reparou como isso é normal em filmes de terror? Mesmo assim esse continua a ser, de longe, meu gênero cinematográfico preferido.
Diferente dos dois primeiros filmes da série, nessa terceira parte, Freddy está um pouco mais “simpático”, falante e piadista, mas como sempre carregando seu trágico humor negro habitual. Nada mal a princípio, o início é até empolgante, do meio para o fim que a coisa descamba, mas deixaremos essa parte para o final.
Robert Englund, nunca decepcionou no papel de Freddy, se há vacilos em alguns episódios da série é culpa de roteiristas incompetentes e diretores medíocres que acabaram com toda estrutura do personagem, simplesmente viajando na maionese. Quer um exemplo? O fracasso da segunda parte em que os realizadores “gênios” trouxeram Freddy para o mundo real, assassinando o que a série tem de mais criativo, o mundo dos sonhos.
Nessa terceira parte, temos a volta de Nancy (Heather Langenkamp), que para quem não sabe, foi ela a mocinha do primeiro filme da série. Seis anos depois e com mechas brancas, a heroina reaparece para ajudar a última geração de adolescentes da Rua Elm que estão enfrentando problemas com pesadelos.
Logo na primeira cena do filme a jovem Kristen (Patricia Arquette) sonha com o já habitual mundo de Freddy, com direito a um ambiente repleto de jovens mortos e pendurados pelo pescoço, um cenário doentiamente belo, mas doentio que belo, certamente.
Após ter o pulso cortado por Freddy em seu sonho, Kristen acorda. E, logo é internada por sua mãe em uma clínica junto com jovens que a princípio também parecem que tentaram se matar. É aí que conhecemos os personagens secundários da trama.
Atenção, contagem de clichês ambulantes: um paralítico, um mudo, um negro, uma jovem viciada, um designer de marionetes (e típico idiota americanizado!!) e uma guria que sonha em ser atriz de TV. Pasmem, esses são os guerreiros dos sonhos!
Os jovens são tratados pelo Dr. Neil Gordan (Craig Wasson) que não sabe mais o que fazer, só que com chegada de Nancy Thompson, a personagem sobrevivente do filme original, as coisas mudam. Ela é única que acredita que os adolescentes estão sendo mortos por Freddy e fica até metade da exibição tentando convencer o doutor de que monstro existe e mata pra valer!!!
Enquanto isso, nosso mestre do horror se diverte acabando com suas vítimas. Em uma de suas “brincadeiras” mortais ele sai de dentro da TV, com antenas na cabeça (!!!) e antes de enfiar toda a pobre garota dentro da televisão solta a pérola:“Bem vinda ao horário nobre, vadia!”. Essa passagem, com certeza, está imortalizada na mente e nos sonhos dos fãs do mestre dos pesadelos.
Outro exemplo desse novo e serelepe Freddy Krueger é a sequência em que ele entra no doce sonho da viciada. Suas garras viram seringas cheias de heroína, que ele injeta na moça e enquanto ela morre, ele ainda blasfema:“Que viagem!”. Fantástico!!!
Chega a dar nostalgia quando vemos o Krueger do século XXI. E me pergunto, será que Michael Bay viu os primeiros filmes da franquia? Ao que parece não.
“A Hora do Pesadelo 3 – Guerreiros dos Sonhos” é um filme que tem suas pretensões e uma história que poderia ser muito bem explorada, mas não foi, falto um algo a mais, a tal cereja do bolo.
A partir do momento em que os jovens da clínica formam um time que luta contra o malvadão Freddy Krueger, o ritmo descamba e tudo parece mais com uma fantasia infantil do que o propriamente um filme de terror.
Dá para acreditar que cada personagem tem um poder especial nos sonhos? O negro tem uma super força, o aleijado pode andar, a viciada vira uma cyber punk (que poder é esse!?) e Kristen, aqui a personagem principal, pode trazer pessoas do mundo real para os seus sonhos. Assim, o filme se perde na sua própria pretensão e nos minutos finais temos mais efeitos especiais do que qualquer coisa. Um show visual, porém muito vazio de conteúdo.
O roteiro também tem as suas reviravoltas. Por exemplo, uma freira idosa aparece o tempo todo para o Dr. Neil, em cada aparição ela vai revelando a história e quem realmente foi Freddy Krueger. Pergunta: por que ela não aparece para Nancy ou para os jovens, já que eles , ao que parece, tem essa sensibilidade e que pouco a pouco estão sendo retalhados? A tal freira tem um papel de suma importância na trama, quem não viu veja, porque não vou revelar maiores detalhes.
Importante frisar que esse terceiro filme da série marca uma nova Era para Freddy, agora ele passa a matar suas vítimas, quase sempre jovens, baseando-se em suas características, como as mortes da viciada e da menina que sonha em ser estrela de TV já citadas.
A partir daqui, seu personagem virou um produto e os jovens atores verdadeiros clichês ambulantes, muitas vezes sem graça alguma. O que me mantém feliz é saber que Freddy (quando interpretado por Englund) nunca perdeu uma boa piada e sempre soube fazer a alegria de seus fãs.
Robert Englund merece uma estátua em Hollywood, sua interpretação é de extrema maestria, e em todas as ocasiões em que vestiu a luva com garras, o velho chapéu e o habitual pulôver rubro-negro, fez valer o preço das entradas. Então, por que estragar tudo, hein Michael Bay?
“A Hora do Pesadelo 3 – Guerreiros dos Sonhos” é diferente (diferença que se arrasta para os posteriores filmes da franquia) porque trouxe um Freddy mais comunicativo e o resultado não é ruim não, pelo contrário, eu gostei. Sei que muitos fãs xiitas podem me xingar, mas vou correr esse risco, afinal, vida de crítico de cinema é assim, ainda mais em uma área tão restrita como a do cinema fantástico.
Freddy virou um anti-herói e, é impossível não notar seu carisma nessa película, que economiza nas mortes e ganha no humor negro. Essa terceira sequência ficou mais cômica e adaptada para conquistar um público maior, o que de fato aconteceu.
O filme não é uma das mil maravilhas, só que prende a atenção do espectador, pelos menos até a metade da exibição e consegue arrancar algumas reações positivas e risadas com as frases célebres do maior vilão do cinema de horror: Freddy Krueger.
Texto escrito por Léo Castelo Branco
terça-feira, 10 de agosto de 2010
Crítica rápida: À Prova de Morte e uma tarde no Espaço Unibanco
Direção:Quentin Tarantino
EUA, 2007
Nesse último sábado, estive no Espaço Unibanco de Cinema em São Paulo, bem próximo a Avenida Paulista, para conferir o filme de Tarantino “À Prova de Morte”, obra de 2007 que só apareceu por aqui três anos depois do seu lançamento lá fora. E pra variar nós estamos sempre atrasados, né?!
Mudando de assunto, eu não poderia deixar de falar do Espaço, uma bela iniciativa do Unibanco em prol ao cinema. O local é convidativo, tem até um pequeno bar onde o povo costuma sentar e conversar após a sessão, algo que é muito comum na Europa.
Os preços das entradas são um pouco salgados (R$ 18,00 inteira e R$ 9,00 meia), mas vale a pena porque a sala é bem ampla e as cadeiras são muito confortáveis. Em frente ao Espaço ficam alguns ambulantes que vendem DVDs de filmes de arte, livros e outras quinquilharias culturais.
O único defeito são os banheiros, ou melhor, o banheiro. Só tem um, por incrível que pareça, e ainda por cima fica aquela fila métrica de gente apertada. Mas é algo facilmente esquecido quando pensamos no bem estar da cultura.
Agora falando do filme, Tarantino é Tarantino, só que aqui não me agradou muito não. A história é bem simplória, um dublê (Kurt Russel) persegue grupos de garotas no seu belo Camaro e é basicamente isso (e mais um monte de blá blá blá...), claro que tem o charme “Tarantinesco”.
Kurt está muito bem no papel do Dublê Mike, um verdadeiro canastrão. Mas só isso é pouco, as cenas são muito longas, com diálogos em 90% das vezes referentes á drogas ou sexo. Tá, eu sei que é o estilo Tarantino, tudo bem, mas quando quatro pessoas deixam a sessão no meio da exibição é porque algo não está bem.
E não estava. A minha esperança de um bom filme foi por água a baixo com as longas conversas que não mudaram em nada o destino do filme, algo até comum hoje em dia, só que dessa vez senti um exagero.
A película é cansativa até para o estilo de Tarantino, ela se arrasta por longas duas horas, podendo ser resolvida muito bem em 90 minutos. Já aviso para quem pensa que vai ver perseguições ao estilo “60 segundos”, pode esquecer. O filme é totalmente parado, propiciando ao espectador poucas cenas interessantes.
Alisando a fotografia também de Tarantino, juntamente com a direção de arte, temos nada menos que a perfeição. Uma sincera e maravilhosa homenagem aos anos 70 e os filmes de velocidade dos 70 - também com diversas citações. Tarantino brinca de fazer cinema mais uma vez, e esse é o ponto alto do filme: a sua liberdade poética e sua estética. O roteiro e os personagens sem o menor carisma deixam muito desejar.
“À Prova de Morte” é, em suma, uma embalagem muito bonita, porém sem conteúdo.
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sábado, 31 de julho de 2010
Sede de Sangue (2009)
Direção:Park Chon-wook
Coréia do Sul, 2009
Se você é daqueles fãs xiitas de filmes de vampiros e ainda não viu "Sede de
Sangue”, então faça qualquer loucura para encontrar essa jóia rara que merece um destaque especial aqui no Estranhezas Cinematográficas por três motivos:
1) É único quando o assunto é vampiros no cinema.
2) É divertido e asqueroso ao mesmo tempo.
3) É uns dos filmes mais intensos já vistos por Léo Castelo Branco.
Bom, para começar, li umas críticas por aí e vi que meus amigos analistas cinematográficos em sua grande maioria classificaram esse filme como multi-gênero. Pois bem, vou totalmente na contramão, porque além de “Sede de Sangue” ser um filme único, na minha visão, criou um gênero único também.
Os takes do diretor sul-coreano Park Chon-wook (diretor do comentado “Oldboy”) são esplendidos, a câmera também é um personagem da trama, só falta conversar com os personagens, os seus movimentos é que dão velocidade aos diálogos e ações.
Esse estilo é a marca de Park, mas diferente de “Oldboy” e suas outras obras, aqui o diretor brinca com o fantástico de maneira vezes lúdica, vezes doentia. Algo que ele realmente nunca havia feito, surpreendendo mais uma vez.
A história começa quando o padre Sang-hyeon (Song Kang-ho, de O Hospedeiro), um homem com anseio de fazer o bem, arrisca sua vida se inscrevendo como cobaia para testes na pesquisa de uma doença incurável. Até então, nenhuma das pessoas que se inscreveram para o projeto sobreviveram. Porém, Sang-hyeon consegue resistir inexplicavelmente aos testes realizados com ele.
Logo ele começa a notar diferenças no seu metabolismo, ganha poderes, aversão ao sol e a necessidade de se alimentar de sangue humano para manter a doença sob controle. Sintomas clássicos do vampirismo.
No começo o padre-vampiro só suga sangue de doentes terminais e suicidas, mas pouco a pouco ele vai se transformando em um monstro, cada vez mais sedento por sangue, no melhor estilo Nosferatu.
No segundo ato somos a apresentados ao seu amigo de infância Kang-woo (Ha-kyun Shin), sua esposa Tae-ju (Ok-bin Kim) e sua mãe Lady Ra (Hae-sook Kim). Desse núcleo derivam uma série de situações inusitadas, bem ao estilo do diretor Chan-wook, tudo muito intenso e sentido.
O filme segue e vemos uma bonita história de amor banhada com muito sangue, é claro. Essa história é o fio condutor da película, mas não vou revelar mais detalhes para não perder a graça, porque quem conhece as obras de Park sabe que nada é por acaso e tudo tem um porquê.
Cenas fortes são uma constante nos filmes do diretor sul-coreano, por isso, para quem gosta, “Sede de Vingança” é um prato cheio com direito a entrada e sobremesa. O vampirismo é tratado de maneira carnal e erótica, impossível não sentir um clima perturbador desde que a fita começa a rolar.
Essa é uma película para quem tem a mente aberta, definitivamente passa longe dos estereótipos de Hollywood e consegue marcar o espectador com cenas que ficam na memória, mesmo que, quem assista não queira rever o filme por um bom tempo.
Como já falei, a obra consegue ser engraçada em alguns momentos, mas nunca fugindo do seu objetivo nostálgico, esse fato é que diferencia essa das outras obras do diretor oriental. Em “Sede de Sangue” Park Chon-wook mostrou ao mundo que hoje ainda é possível ser original, ainda mais em um gênero tão explorado.
Concluindo: “Sede de Sangue” é o filme que “Crepúsculo” quer ser quando crescer.
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segunda-feira, 19 de julho de 2010
Curtinhas de Léo Castelo Branco - Parte 2 - A revanche
O Golpista do Ano (I Love you, Phillip Morris,EUA,2009)
Ótima narração+Hollywood mentirosa+Jim Carrey impecável = a melhor comédia dramática dos últimos anos
Qual a melhor maneira de se contar uma história? O que realmente a torna de fato interessante? Os personagens, a narração ou as surpresas reveladas no transcorrer do quebra-cabeça da trama? No caso de “O Golpista do Ano” (lixo de tradução) temos todas as alternativas e, de fato, uma história muito bem contada, somada a um protagonista cativante que transborda carisma em um filme que dá pano pra múltiplas interpretações. Com pequenas e grandes reviravoltas no roteiro, “O Golpista do Ano” narra a história real de Steve Russell, um gay espertalhão que vivia de pequenos golpes e burlou diversas vezes o sistema penitenciário do estado do Texas, deixando George Bush, governador do estado na época, puto dos córnos (fato que o roteiro faz questão de frisar com ênfase). Steve fugiu 4 vezes da cadeia, dos modos mais inusitados, enganando o sistema e deixando Bush com cara de tacho, literalmente. Na primeira incursão na cadeia, ele conhece e se apaixona por Phillip Morris (Ewan McGregor, muito bem) e daí pra frente somos apresentados a uma história de amor com as trapaças de Steve de pano de fundo. O personagem de Carrey é aquele tipo que acredita estar acima de tudo e de todos e pode manipular qualquer um, já McGregor está uma menina definitivamente, o que é prova de uma interpretação digna de aplausos. O problema é que o filme insiste, já nos créditos iniciais, em frisar que tudo que se passará a seguir são fatos reais, o que não é verdade. Não acredita? Ou você não sabia que Hollywood é patologicamente mentirosa? Tudo bem, porque a atuação de Jim Carrey apaga qualquer coisa, mais uma vez, ele provou ser um excelente ator multi-gênero e o roteiro juntamente com a narração são os melhores que vi nos últimos anos.
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A Orfã (Orphan,EUA,2009)
Ambiente clichezento+personagens burros+boas atuações juvenis = um filme mediano
Sabe quando você assiste a um filme e tem a sensação de que a história foi mal aproveitada, que poderia ir mais além? Pois bem, senti exatamente isso ao fim da sessão de “A Orfã”. Eu diria que tirando o roteiro que segue a risca quase todos os clichês do gênero, recheado de cenas que parecem já vistas antes em outros filmes, personagens burros que não enxergam o óbvio e um final preguiçoso, até que seria um bom filme. Mas também não é péssimo, é sim salvo pelas boas interpretações juvenis, principalmente da orfã malvada Esther (Isabelle Fuhrman) e da garotinha que faz papel de surda (Aryana Engineer). A história tinha tudo para ser perfeita, mas o diretor espanhol Jaume Collet alterna momentos de extremo suspense com cenas clichezentas o que dá um resultado normal, no máximo podemos chamar esse “A Orfã”de um filme mediano.
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“O Sequestro do Metro” (The Taking of Pelhan 1 2 3,EUA,2009)
Denzel Washington + Jonh Travolta+filme paradão = sessão entretenimento
Denzel Washington é Walter Garber, um funcionário do Metro de Nova York, cuja vida vai ser muito afetada devido ao sequestro em uma das estações. John Travolta é Ryder, o autor do crime, que, como líder de uma gangue de quatro pessoas altamente armadas, ameaça executar os passageiros que estão nos vagões a menos que o resgate seja pago dentro de uma hora. Tá, beleza é só mais uma história clichê, já vista antes em diversas outras obras do gênero, como em “Assalto sobre trilhos”, por exemplo. E, em “O Sequestro do Metro” a coisa não é muito diferente, porém é sempre bom ver Denzel Washington e Jonh Travolta trabalhando separadamente, melhor então juntos. Seria melhor ainda se o filme tivesse mais ritmo, cansa ver os dois protagonistas desperdiçando seus talentos ficando quase o filme todo falando através de um rádio. E a ação? Que o espectador pagou pra ver? Enfim, direto e reto: uma sessão entretenimento, nada mais. Detalhe: o filme é um remake de uma obra de 1974 e Garber foi interpretado por Walter Matthau, já o personagem de Jonh Travolta ficou a cargo do não muito conhecido Robert Shaw.
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“Quanto mais idiota melhor” (Wayne’s World, EUA,1992)
Elenco impecável+risadas múltiplas+rock and roll = uma das melhores comédias dos anos 90
Relembrar é viver, sempre! Ainda mais pra esse filme besta feito para imbecis e que eu adoro. Imbecil ou não, cansei de rever e rachar o bico nos saudosos anos 90. Essa obra hilária traz para a telona nossa dupla Waney (Mike Myers) e Garth (Dana Carvey) que já faziam sucesso no Saturday Night Live. No novo formato, os dois têm um programa altamente cômico em uma rede fechada de TV, só que tudo muda quando eles recebem convite para estrelar um programa em uma grande rede de televisão norteamericana. As confusões e o estilo “todo desleixado” dos protagonistas mantêm os espectadores prontos a rirem a qualquer momento e a obra tem sua missão cumprida, com êxito. É diversão garantida! “Quanto mais idiota melhor" contém nos diálogos gírias exclusivas da época como: “detonar”, “no duro” e “da pesada”, e muito mais daqueles ingredientes que tornam tudo mais nostálgico (no bom sentido), falando em diálogos, os dos protagonistas são intocáveis!!! Ah, a trilha sonora também tem muito rock pesado, uma boa pedida para quem gosta do gênero. Para finalizar, “Quanto mais idiota melhor” é especial porque ri de si mesmo, atitude que falta a muitas comédias contemporâneas.
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Léo Castelo Branco.
quarta-feira, 14 de julho de 2010
Beavis e Butthead detonam a América (1996)
Direção: Mike Judge e Yvette Kaplan
EUA, 1996.
O cinema já produziu grandes duplas que fizeram, ou melhor, fazem a cabeça do público até hoje. E muitas novas ainda surgirão durante a presente e futura modernidade. Martin Riggs (Mel Gibson) e Roger Murtaugh (Danny Glover) do filme “Máquina Mortífera”, Ripley (Sigourney Weaver) e a Criatura nos filmes da série “Alien”, Umma Thurman e John Travolta em “Pulp Fiction”, são só alguns GRANDES exemplos.
Já imaginou o Gordo sem o Magro? Jack Lemmon sem Walter Matthau? Oscarito sem Grande Otelo? É difícil, para mim pelo menos. As duplas geralmente criam raízes e fica complicado para o público separá-las, para muitos, eu diria, que é impossível.E não é só no cinema, na música e na literatura as duplas estão sempre lá, uma completando a outra e cativando o público a seu modo.
Enfim, chega de enrolação porque hoje é dia de falar de uma dupla muito especial para mim. Lá nos meus primórdios, 95-96, conheci esse desenho chamado "Beavis and Butt-Head" quando a MTV deixava de engatinhar aqui no Brasil.
Minha mente juvenil em completa expansão, principalmente por podreiras de plantão, adorou o que viu: dois garotos roqueiros que vivem na cidade fictícia de Highland, na fase pós-puberdade, completamente americanizados, viciados em nachos (uma espécie de Doritos), comentando video-clipes e anarquizando tudo!!!
Tá, à primeira vista parece a coisa mais idiota que já foi produzida, só que essa idiotice em excesso é, na verdade, uma crítica aos padrões e à adolescência americanizada da época, e porque não à atual também, afinal, não melhorou muita coisa.
Para mim "Beavis e Butt-Head" está entre as maiores duplas de todos os tempos do meio artístico. Por que? Simples, eles são a escória da sociedade, cabeças de vento, péssimos vizinhos, péssimos alunos e unicamente engraçados.
Agora ponha tudo isso no liquidificador, juntamente com traços simples, diálogos mais simples ainda e todos os ingredientes capazes de deixar um moralista de cabelo, barba e bigode em pé. O resultado? O desenho mais politicamente incorreto já produzido até hoje, o que cai como uma luva aqui, no Estranhezas Cinematográficas.
A série foi criada no ínicio dos anos 90 por Mike Judge (que mais tarde criaria o pop “O Rei do Pedaço”), e foi inspirada na própria infância-adolescência de seu criador, ele mesmo declarou que Butt-Head se baseia em um colega seu de turma que chamava todos da turma para chutar o seu próprio traseiro e se autodemonominava “Traseiro de Ferro” (Iron Butt).
O mais interessante é que, além de criar e escrever, Judge, faz as vozes dos pequenos delinquentes, o que é a marca da registrada da série. As risadas sequenciais e ofegantes da dupla são, de fato, únicas e dão a pitada certa de originalidade, o que estava em grande seca nesse período, porque em se falando em animações adultas, tínhamos apenas os “Simpsons” e alguns outros tímidos exemplos.
O linguajar usado pelos dois é praticamente monossilábico e tipicamente maconheiro: “só”, “legal” e “massa” são 90% dos diálogos, os outros 10% ficam por conta de palavrões impublicáveis aqui.
Essas características tão peculiares e esse “não compromisso” tornaram "Beavis e Butt-Head" um sucesso na época, sucesso que em 96, aumentou o formato e foi parar na telona para o delírio dos fãs.
Por incrível que pareça o filme manteve o espírito da série. Sim, ele consegue até ser ainda mais divertido, levando o espectador a sérios ataques de risos. E, sim, esse é um filme para se ver bêbado e chapado com os amigos.
“Beavis e Butt-Head detonam a América”, foi uma “aposta” da Paramount mediante ao sucesso da série, produzido com o alto orçamento de 12 milhões de dólares (alto para época e para uma animação) . Infelizmente não achei a bilheteria, se alguém souber, por favor, coloque nos comentários.
É até engraçado comparar o filme com os primeiros episódios da séria na televisão, a evolução de gráficos é notável. Agora imagine como vai ser o "Beavis e Butt-Head" do século XXI, isso mesmo, grande chance de, em breve, termos a nova versão televisiva da dupla. Não acredita? Copie e cole no seu navegador esse link: http://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2010/07/animacao-dos-anos-90-beavis-butthead-pode-voltar-diz-site.html .
Voltando à história do filme, tudo começa quando a nossa dupla acorda e descobre que sua preciosa TV foi roubada. A partir daí eles saem em busca do que os mantêm vivos e, de quebra, ainda quem sabe arrumar uma transa pelo caminho, ou como eles dizem, faturar.
Não demora muito, eles conhecem Muddy Grimes (dublado por Bruce Willis) que os confunde com matadores profissionais (!!!) e oferece US$ 10 mil para os dois irem a
Las Vegas “fazerem a sua mulher”. Só que os garotinhos, confundem “fazer” com “comer” e acham que se deram muito bem, ainda mais depois de verem a foto da gata Dallas Grimes (dublada por Demi More).
Preciso falar que a dupla topa de prima? Pois bem, na sequência embarcam para Vegas com os sinceros dizeres de Butt-Head: “Beavis, hoje é o melhor dia de nossas vidas, vamos finalmente faturar e ainda ser pagos para isso...”. Simplesmente impagável, sensacional e degradavelmente cômico.
Em Vegas, eles finalmente conhecem Dallas que os dá um perdido, os colocando na linha dos polícias que, agora, querem caçá-los e em pouco tempo eles serão considerados os homens mais perigosos da América (!!!). E, para piorar, Muddy descobre que eles não mataram sua mulher e vai partir atrás da dupla.
A partir daí, Beavis e Butt-Head iniciam uma viagem cruzando (e causando) pelos EUA e o filme entra no seu clímax. Vou deixar de contar para quem ainda não viu descobrir as pérolas que estarão na tela a seguir.
Por isso, se você não é dessa galáxia e não viu essa obra-prima do cinema sem noção corra agora pro Google, Torrent ou locadora e assista, pois é simplesmente obrigatório. Os episódios originais da série também podem ser encontrados com facilidade na rede e no Youtube.
E aí, vale uma sessão com os amigos e umas cervejinhas?
segunda-feira, 5 de julho de 2010
Curtinhas de Léo Castelo Branco
Discurso feito, vamos aos filmes…
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Karate Kid (Idem, Harold Zwart, EUA, 2010)
Acrobacias de Chan+ pré adolescência bombando+ mudanças drásticas na história original = mais um péssimo e desnecessário remake
Qual o propósito de fazer um remake onde a ambientação da história original muda mais de 20.000 Km? E se o filme original tratava de karatê, porque esse tem que falar de Kung-Fu? Pergunte ao Harold Zwart, diretor de mais um remake sem o menor sentido e depois me explique, porque fiquei realmente curioso. Esse “Karate Kid” bebe na mesma fonte do original, mantendo aquela apelação emocional que força o espectador a escolher o lado do protagonista (Jaden Smith, sem carisma) e se for muito sensível até mesmo chorar no final. Afinal, essa é a proposta de uma obras dessas: entreter pelo tempo de exibição. Só que as 2 horas e 6 minutos cansam, as acrobacias de Chan e o excesso de pré-adolescência no roteiro também não ajudam, mas talvez o público-alvo deva gostar. A história é totalmente diferente do original, se passando na China, quando o garoto Dre se muda com a mãe para Beijing e começa a enfrentar problemas de adaptação principalmente quando se “apaixona” pela bonitinha Mei Ying (Han Wen Wen) e é atacado por uma gang de garotos inconsequentes que mais parecem vilões de filmes de guerra do Vietnam. Sr. Han (Chan) é o zelador do prédio para o qual Dre se muda e, aos poucos começa a gostar do garoto, e lhe ensinar o verdadeiro Kung-Fu para ele poder lutar num torneio onde poderá derrotar os garotos que lhe bateram no ínicio do filme. Não sei vocês, mas eu já cansei de Chan faz tempo, as suas acrobracias parecem coisa de circo e as atuações são todas muito parecidas. E ainda, logo eu, que nunca fui fã de série "Karate Kid" senti saudades de Ralph Macchio e Pat Morita. A questão é que esse "remake" fica muito abaixo do original, feito única e exclusivamente para o público juvenil que não teve contato com os filmes que marcaram época e fizeram muitos garotinhos começarem a praticar karatê.
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O Homem de Ferro 2 (Iron Man 2, Jon Favreau, EUA, 2010)
A estrela de Tony Stark + Mike Rourke tímido + personagens demais = “apenas” uma boa sequência
Sempre digo e vocês sabem, é difícil uma sequência fazer jus ao original. E se tratando exclusivamente de cinema é praticamente impossível. Pois bem, com esse pensamento fui ver a continuação de “Homem de Ferro”, esperando dar boas risadas com o personagem Tony Stark (Robert Doney Jr.), encontrar algumas boas sequências de ação e nada mais que um filme divertido, porém inferior ao original. Acertei em cheio. Doney Jr. está impossível, divertidíssimo em uma atuação impecável, as cenas de ação são muito boas e com um certo charme, tirando o excesso de efeitos computadorizados nas cenas finais e ainda posso dizer também que a obra, vista como um todo, é realmente inferior ao primeiro como era de se esperar. Mike Rourke é o vilão-clichê típico de filmes de super-heróis. E discordo de grande parte da crítica que diz que ele “roubou a cena”. Tirando a melhor cena do filme, a primeira batalha vilão-herói que ocorre durante uma corrida em Mônaco em que ele se apresenta muito bem, o resto da película é apenas normal, o que se falando de Mike Rourke é pouco, não? Outro problema é o excesso de personagens na história, o que pode dificultar bem o entendimento do espectador, principalmente daqueles que não viram o original. O que fica claro é: Tony Stark é quem comanda o show. E, na minha opinião, é a melhor atuação de um herói, quando não usa armadura, do cinema.
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Marley e Eu (Marley and me, David Frankel, EUA, 2008)
História bonitinha+ adaptação de best-seller+ lição de vida = um filme engraçadinho
Para quem acha que sou um dos críticos de cinema mais insesíveis que já habitou a face da terra, se morda de raiva porque eu gostei,sim, desse bonitinho conto sobre crescimento, evolução e a vontade das pessoas se tornarem felizes com elas mesmas. Adaptado do best-seller autobiográfico de Jonh Grogan, “Marley e Eu” narra a história da chegada de um cachorro de raça labrador na vida do casal Grogan (Jennifer Aniston e Owen Wilson), o que era para ser uma espécie de treino para eles antes de terem filhos, até descobrirem que compraram “o pior cão do mundo”. O cachorro é muito bonitinho sim, só que o filme vai muito além dele, combinando drama e humor (contendo alguns exageros do gênero) e jogando na tela muitas situações cotidianas como casamento, trabalho e a formação de uma família. Gostei do resultado, um filme-entretenimento que faz pensar. E o cachorro ajuda, claro…
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Psicopata Americano (American Psycho, Mary Harron, EUA, 2000)
Christian Bale além do Batman+decadência do american way of life+ideia criativa e ousada= obra imperdível
Taí um filme que sempre adiei para ver, todo mundo buzinava na minha orelha dizendo que era do caralho, insano e um dos melhores filmes de serial-killers da história. Verdade, “Psicopata Americano” é um filmaço. Adaptado de um romance de Bret Easton Ellis, “American Psycho”, narra a vida de Patrick Bateman, um filhinho de papai que frequenta os melhores restaurantes de NY, usa as roupas mais caras, tem mais cremes hidratantes que a Monique Evans e tem como principal hobby, junto com seus amiguinhos, ver quem tem o mais estilizado cartão de visitas (!!!). Apesar de ter tudo, Bateman, sente-se vazio e encontra a solução dos seus problemas matando. Ele assassina suas vítimas ouvindo Phill Collins entre outras músicas dignas de um Yuppie e o engraçado é ver tantos artigos de luxo (mostrados a exaustão no começo do filme) dividirem espaço com facas, serras elétricas, entre outros artigos de Filmes-B. Muito original a ideia dessa obra que mistura humor, cinismo, sangue e muita criatividade na melhor atuação da carreira do até então futuro Batman - Christian Bale. Sem esquecer da crítica visível a alta e vazia sociedade norteamericana (e porque não mundial) mostrando que dinheiro não compra amor, gratidão entre outros tantos sentimentos.
quarta-feira, 30 de junho de 2010
A Centopéia Humana (2009)
Direção: Tom Six
Holanda e Reino Unido, 2009.
Existem experiências que só o cinema fantástico é capaz de dar a fórmula e com ela revelar ao mundo algo inovador. Alguns desses experimentos são considerados geniais e inteligentes, outros são arremessados direto no lixo pela crítica especializada, que também nem sempre faz isso com bom senso.
”A Centopéia Humana” (The Human Centipede – The First Sequence, Holanda e Reino Unido, 2009) é um caso que mistura as duas teorias, o famoso “ame ou odeie” na mais literal linguagem popular. Afinal, um filme onde uma centopéia humana é o personagem principal causa, no mínimo, polêmica. Além dos mais diversos sentimentos que vão de nojo a ódio. Não acredita? Pague pra ver.
Essa produção em conjunto de Holanda e Reino Unido foi toda filmada em vídeo digital e teve orçamento baixíssimo. Simplesmente: “uma ideia na cabeça e uma câmera na mão”. Esse poder de independência cinematográfica, é algo inexprimível, pois qualquer um pode virar um diretor também. Ainda mais nos dias de hoje, onde é quase obrigatório efeitos e direções de arte milionárias à la Avatar, o que é mais um motivo para destacar essa obra corajosa e única. Uma centopéia humana, isso sim é arte!
Escrito e dirigido pelo holandês Tom Six, “A Centopéia Humana”, narra a história de duas turistas americanas em viagem pela Europa, Lindslay ( Ashley C. Willians) e Jenny (Ashlynn Yennie), em sua passagem pela Alemanha decidem ir, de carro, a uma balada mais afastada, só que no meio do caminho o pneu fura e elas acabam ficando sozinhas no meio do nada.
Aí já viu...
Elas decidem procurar ajuda e vão parar na casa do malvadão Dr. Heiter (Dieter Laser), que as recebe prometendo que vai ligar para ajuda. Mas o cientista maluco prefere dopar as gurias e colocar o seu plano maligno de criar uma centopéia humana em ação. As meninas acordam amarradas, junto de um rapaz oriental, que é a outra cobaia... Aí agonia começa a aparecer, aliás, esse é um sentimento que vai permanecer pelo resto da película.
Enfim, o Dr. Heiter volta à cena e descreve a operação detalhadamente para seus pacientes, com um cinismo extremo. Abaixo as imagens dos desenhos explicativos da operação:
Esse filme é para quem tem peito e estômago. Acho que até mais peito que estômago, porque ao contrário do que muitos podem pensar, não é extremamente nojento, mas cheio de torturas psicológicas e humilhações que mexem com o espectador.
Lembrei-me do período nazista muitas vezes durante a exibição e não só por ser todo ambientado na Alemanha. As experiências bizarras dos médicos alemães, como as de Joseph Mengele que, em campos de concentração, injetava tintas azuis nos olhos de crianças judias, unia veias de gêmeos, deixava pessoas em tanques de água gelada para testar sua resistência, amputava e também coletava órgãos de prisioneiros para as mais diversas finalidades. Esses são alguns exemplos desse tortuoso período da Humanidade. Mengele ficou conhecido como “Anjo da Morte” e morreu no Brasil em 1979. Viu, só? O Estranhezas Cinematográficas também é cultura (hahaha).
Depois da pequena aula de História, voltemos à nossa centopéia. A obra demora até mostrar algum tipo de ação, mas na hora que mostra não pára. Esse é um daqueles exemplos de filmes claustrofóbicos em que, cada vez mais, o espectador vai perdendo as esperanças de um final feliz e seus personagens são expostos a situações muito humilhantes.
Por onde tem passado esse filme tem tirado espectadores das salas antes do término da sessões, devido as torturas do maléfico Dr. Heiter. Escabroso, excêntrico e maluco, ele se transformou em ícone para muitos, inclusive ganhando comparações com Freddy Krueger (!!!) e Hannibal. A interpretação do ator alemão é perfeita, fugindo daquele clichê do “cientista maluco”e imprimindo uma expressão doentiamente única. Afinal, ele é estrela.
“A Centopéia Humana” tem momentos previsíveis e alguns clichês que já entramos em overdose de tanto ver por aí, mas ao menos tenta fugir disso (e muitas vezes consegue). Tem ação, suspense em um dos roteiros mais sujos criados para o cinema, tudo isso com uma forte carga emocional capaz de levar o espectador ao limite do suportável.
Léo Castelo Branco**
sábado, 19 de junho de 2010
Batman (1989)
Direção: Tim Burton
EUA, 1989.
Todas as crianças têm seus heróis, dentre eles, cada um tem aquele que considera o mais foda. Aquele que passa segurança mesmo sem existir, estando presente como uma espécie de amuleto da alma. Algumas vezes a admiração dura para sempre, outras vezes é esquecida com a chegada da puberdade.
Sim, a minha admiração dura até hoje. E acredito que durará para sempre. Meu super-supremo-super-herói é o BATMAN. Ele é meu preferido justamente por não ter nenhum super poder e ser um “alguém” que está sempre abaixo da lei, ou seja, para muitos ele é um criminoso como qualquer outro. Essa vontade extrema de fazer justiça sempre me chamou atenção e tudo isso começou quando eu via seus antigos desenhos nas gloriosas manhãs do SBT (não, nunca tive paciência para HQs).
Bruce Wayne, ou Batman como preferirem é (além de playboy) aquele homem obcecado pela justiça, dotado em artes marciais e um exímio estrategista, tendo suas ações sempre muito bem planejadas e executadas com maestria. Fala a verdade, o cara é foda!!!
Pois bem, hoje estou aqui para falar da primeira adaptação formal do homem-morcego para as telonas, que até então (1989) só havia tido uma aparição nos cinemas em um filme baseado no seriado Batman e Robin, de Adam West nos anos 60. Não sei a data precisa, portanto, trato esse filme de 1989 como a primeira adaptação do homem-morcego para o cinema.
Quem viu o seriado notou o seu tom escrachado e humorístico, gerando uma famosa sátira: o “filme do Batima”, em que dois brasileiros redublaram episódios da série a deixando, digamos... muito mais engraçada. Também acaba de ser lançado, baseado na antiga série, “Batman: a XXX parody” um filme pornô do morceguinho onde foram gastos U$$ 60 mil só em figurino (!!!), inacreditável, mas é a mais pura verdade. Dúvida? Veja o trailer dessa obra máxima:
Ainda aqui? Ótimo.
Pois escrever sobre esse filme é muito bom. Por que? Explico. Foi um dos muitos clássicos que assisti mais de 100 vezes (e foi mesmo), marcou a minha existência, me recordo, ainda criança sabia decor as falas daquela dublagem tosca da Globo, lembra?
Enfim...
Nostalgia à parte, esse foi o primeiro filme a lucrar de verdade com merchadising , e quando falo merchadising, digo que essa foi a primeira obra cinematográfica a fazer chaveiros, adesivos e todos os tipos de brindes para se promover. Você deve estar se perguntando se valeu a pena. Sim, valeu. Foram gastos U$$ 35 mi e lucrados
U$$ 410 mi. Dava para refazer o filme umas sete vezes.
O diretor escolhido para comandar o projeto foi o ainda novato Tim Burton. Apesar de vir do sucesso “Os fantasmas se divertem” (Beetlejuice, EUA, 1988), ele ainda era novo e inexperiente para muitos, só que provou o contrário combinando a fotografia escura (que ele adora) com personalidade do personagem principal. E deu casamento.
(E quem acha que odeio o Burton, taí a prova que acho que ela faz coisa boa, ou... fazia!?)
“Batman” é o marco do começo da “era das megas produções de Hollywood”. Até então era incomum gastar esse absurdo em um filme de super-heróis. Lembremos de “Capitão América” (Captain America, EUA, 1990) em que temos um roteiro extremamente infantilizado e o protagonista com uma fantasia comprada na 25 de Março, algo absurdamente ridículo e fora de contexto.
Para essa obra não se tornar mais um “obra” trazida das páginas dos quadrinhos, precisavam de um ator de peso, um nome que falasse por si só. Dito e feito, Jack Nicholson foi escalado para o elenco, e melhor, como o vilão mais anarquista de todos os tempos: o incansável Coringa.
Michel Keaton, vestiu a armadura do homem-morcego e, na minha opinião, foi muito bem. Ele já havia trabalhado com Burton em “Os fantasmas de divertem”, porém muita gente foi contra ele no papel por conta de sua baixa estatura e por até então ser conhecido pelos seus papéis em comédias. Para esse papel era preciso ser excêntrico e viver uma certa profundeza psicológica. Ele conseguiu. Keaton acertou, porém com um roteiro pouco a seu favor (alerta: opinião pessoal), que muitas vezes prefere mostrar um Bruce Wayne apaixonado e até um homem de família, do que sua personalidade abalada e sua sede de justiça, isso ficou de fato esquisito.
Essa sede de justiça e, por que não vingança, fica evidente em “Batman – Begins”(Idem, EUA,2005). O Batman do século XXI, do cineasta inglês Christopher Nolan, é mais humano e menos sensível do que o de Burton, mas vou seguir em frente, pois o objetivo desse artigo não é comparar os dois.
A história começa a todo vapor. Com Batman pegando dois batedores de carteira e os deixando “do jeitinho” para a polícia prender e sai de cena falando para um dos marginais: “Eu sou o Batman. Fale pro seus amigos sobre mim”. Detalhe: logo no início já vemos a fotografia de Gothan City de cima, lembrou uma Nova York dos anos 40 com um clima londrino, simplesmente espetacular, em cada detalhe surpreendente.
Depois conhecemos toda a história do Coringa, como ele se transformou no bobo da corte mais filho da puta de toda história, até o encontro com o cavaleiro das trevas, tudo com certo cuidado, a falha do roteiro fica mais evidente quando o assunto é Bruce Wayne. A falta de escuridão em seu personagem aparece e não culpo Keaton porque quando ele está com armadura escura sua nota é dez.
Só que quem rouba a cena é mesmo o Coringa de Jack. Autêntico, divertido e vestindo ternos estilosos. A atuação doentia do ator é impecável e marcante, como na cena em que depois de fazer uma vítima, repete gargalhando uma dez vezes: “estou feliz que você esteja morto...”, até de sair de cena. Simplesmente impressionante!!!
“Batman” tem situações de humor recheadas de ironia, principalmente aquelas que envolvem o Coringa. E não podemos esquecer da Gothan City, com fotografia gótica, elemento presente o tempo todo, em alguns momentos chegando a ser gritante.
Os fãs xiitas não gostaram muito desse filme porque houveram algumas mudanças das histórias originais em quadrinhos - o que para mim, como não-leitor de HQs não a faz a menor diferença. "Batman" é um filmaço sim, com todos os créditos e méritos de clássico de um cinema, hoje, já "old school”.
Léo Castelo Branco
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quarta-feira, 9 de junho de 2010
O Segredo da Múmia (1982)
Direção: Ivan Cardoso
Brasil, 1982.
Imagine a cena: um criado daqueles bem clichê de filmes B dos anos 50, que canta ópera e mata quem se colocar no caminho do patrão (que, no caso, é um cientista maluco) e uma múmia serial-killer. Agora imagine tudo isso rodeado de seios, bundas e todos os elementos pornochanchadísticos...
Imaginou?
Agora, visualize isso tudo se passando no Rio de Janeiro da década de 50. Melhorou? Então é isso (e mais um pouco) o que se passa em “O Segredo da Múmia” (Idem, Bra, 1982), esse clássico do cinema –sem noção- nacional que foi esquecido e nunca lançado em DVD, sobrando cópias apenas para garimpeiros de podreiras de plantão, o que é uma pena e um verdadeiro desperdício cultural.
Ivan Cardoso criou esse universo mágico citado acima em 1982, com o seu “Segredo da Múmia”, consolidando-se assim como inventor e mestre do “terrir”.
Para quem não sabe o “terrir” é um sub-gênero que surgiu nos anos 80 (oh, época boa!!!) como nada menos que uma bela desculpa para dar risada e ultrapassar o limite do nonsense, tudo com muita mulher gostosa, defeitos especiais e falhas escabrosas no roteiro. Tem coisa mais linda?
Seguindo essa linha “O Segredo da Múmia” é uma obra cheia de momentos unânimes, irreverentes e divertidíssimos. Afinal, uma múmia no Brasil não pode ser menos que isso.
Expedito Vitus é um cientista dotado de uma extrema inteligência, porém ridicularizado pelos seus colegas e pela mídia em geral porque diz ter descoberto o “elixir da vida”. Tudo muda quando ele encontra a famosa múmia “Runamb” no Egito, e a traz para solo tupiniquin, o que é retratado de forma magistral pelos jornais da época e até o famoso “Repórter Esso” fez questão de noticiar o fato!
Vitus virou um superstar. Mas ele vai além, testando o elixir na múmia. Daí para frente não precisa ser um gênio para saber que a múmia vai levantar querendo matar qualquer um que passar na sua frente. Isso seria normal em qualquer filme, mas aqui a coisa é "made in Brasil", o que torna tudo muito mais divertido.
Wilson Grey está simplesmente genial na pele do excêntrico Dr. Expedito Vitus, em uma interpretação repleta de expressões e caretas dignas de um verdadeiro “cientista maluco”, sua voz também merece destaque, parece que ele está falando para dentro de um funil.
A cereja do bolo fica por conta da criadagem do Dr. Vitus. A empregada Regina, interpretada por Regina Casé em uma performance mais bizarra do que qualquer um dos seus atuais programas de TV e o mordomo Igor (Felipe Falcão) que mais parece o “tio Chico” com síndrome de down, e nos faz rir com suas caras e bocas forçadas e, a todo momento, parece que está literalmente se cagando em cena. “Terrir” é isso: não é beirar o rídiculo, é ir além dele.
Regina (magrinha, como nunca) e Igor têm um “caso” e nos propiciam uma cena antológica que escreveu suas letras na história do cinema nacional, se não, ficará para sempre na minha memória, ainda não sei se pelo susto ou pelo valor histórico de tal “atrocidade”.
De repente, no meio do clímax da história, aparece um letreiro em tela preta: “enquanto isso..” são os dizeres que aparecem na tela. Corta. Regina (com cabelos no sovaco) nua e jogada na cama junto com Igor que a lambe inteira, com tamanha vontade que achei que fosse pular para fora da tela. A cena em si é de um realismo imenso, o que comparado ao resto da atuação da Regina Casé nesse filme lhe valeria o Oscar de melhor atriz coadjuvante. Nos resta então escutar os pedidos da empregada Regina: “tenha modos, Igor, tenha modos!".
Falando em atores globais e mais conhecidos do grande público, olha só quem faz parte do elenco: Cláudio Marzo, Anselmo Vasconcelos, Evandro Mesquita, Júlio Medaglia, ainda uma participação especialíssima de José Mojica Marins e Maria Zilda Bethlem em apenas uma cena, digamos, bem picante como você poder ver pela foto abaixo:
Com esse time e esse enredo fica impossível perder essa pérola do cinema nacional, isso sem falar do personagem principal, a múmia, que rouba a cena com seu andar meio zumbi e uma força sobrehumana. Tudo aqui é feito em medida milimétrica para arrancar gargalhadas do público. E dá certo.
O diretor Ivan Cardoso, até então só havia dirigido curtas-metragens (o primeiro deles têm um nome sugestivo: “Nosferatu in Brazil”) fez a sua estreia em longas de maneira sublime, com um filme que não tem medo de ser o que é, e tem sim uma identidade. O nome dela é “terrir”.
* Em tempo: o blog Estranhezas Cinematográficas anuncia uma parceria oficial com o Scary Blog (http://scaryblog.zip.net) para o bem do cinema fantástico. Lá vocês encontram notícias atualizadas do mundo do terror, e, a partir de agora, algumas críticas minhas voltadas para o gênero.
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